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A Prática Constante da Beneficência

Atualizado: 14 de out. de 2020

Já sabemos que para se pertencer ao R.E.R nos é exigida a condição de cristãos, exigência que não é absoluto algo excludente pois nossas lojas sempre conviveram fraternalmente com todas as confissões cristãs de ordem trinitária, reforçando o que as une e suavizando o que as separa. Todavia, estando nossa ordem totalmente integrada a Maçonaria Universal e ecumênica, admite em suas fileiras pessoas de todas as confissões religiosas, até porque a doutrina incorporada nos seus rituais e em sua simbologia, sendo profundamente cristã, reflete, acima de tudo, o anseio original pelo sagrado que vem acompanhando toda a humanidade desde seu alvorecer, anseio onde, naturalmente, se insere as mais diversas formas de crença.


Sabemos ainda que o R.E.R tem por finalidade manter e fortificar, não somente na ordem interior mas também na classe maçônica os princípios sobre os quais se sustenta. São eles:

  • A Fidelidade a Santa Tradição Cristã baseada na fé na Santíssima Trindade (demonstrada exaustivamente em sua simbologia).

  • O Apego aos princípios e a tradição, tanto maçônicos quanto cavaleirescos que compõe o regime e que culminam no aprofundamento do estudo da doutrina maçônica e do pensamento esotérico cristão ensinado na ordem, resultando em uma maior vivencia da fé cristã e seu caráter de doar-se ao bem do próximo e ao amor a divindade.

  • O aperfeiçoamento de si mesmo através da pratica das virtudes cristãs, a fim de superar as próprias paixões, corrigir as falhas e progredir no caminho da realização espiritual.

  • A prática constante de uma beneficência ativa e esclarecida em relação a todos os homens, qualquer que seja sua raça, nacionalidade, situação, religião, opiniões políticas e, ou, filosóficas.

Hoje trataremos aqui de um desses princípios: O da beneficência.


O cristianismo identifica dois grupos de virtudes, as virtudes cardinais e as teologais.


As virtudes cardinais são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humana, que regulam nosso comportamento, ordenam nossas paixões e guiam nossa conduta segundo a fé e a razão. Adquiridas e reforçadas por meio da repetição de atos moralmente bons, elas são purificadas e elevadas pela Graça Atual. São elas: A prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.


Já as virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão, Informam e vivificam todas as virtudes morais. São infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de proceder como filhos Seus e assim merecerem a vida eterna. São o penhor da presença e da ação direta do Espírito de Deus nas faculdades do ser humano. São elas: fé, esperança e caridade.


Para a tradição cristã, o principio da pratica constante de uma beneficência ativa e esclarecida, tal qual proposto como principio fundamental por nossa ordem, depende inteiramente da terceira e mais importante das virtudes teologais: a caridade.


O mundo moderno confundiu a beneficência com a solidariedade. Ora, a solidariedade é sim um ato ou um sentimento de bondade para com o próximo, por vezes uma ação levada pela crença de que os homens pertencem todos a uma mesma comunidade e que, portanto, são interdependentes. Constitui em si mesmo algo louvável, porém calça-se inteiramente em “ideais humanitários“ muito mais efetivos no plano de captação de fundos públicos ou privados do que em qualquer outra coisa, ainda que contenha um bem aparente. A beneficência, no entanto, se estende para muito além disso.


Para a maçonaria cristã a noção de beneficência se atira a um conceito muito mais amplo que o da solidariedade. Não é em vão, que a posição mais alta que podemos aspirar dentro de nossa ordem é a de “Cavaleiro Benfeitor (BENFEITOR) da Cidade Santa”.


A solidariedade forçosamente nasce da virtude da justiça (ou da aspiração de alcançá-la). É um dever, uma condição, para o estabelecimento da justiça, tão natural quanto o dever de se render culto ao Deus único, nosso criador (“Vere dignum et justum est”, como dizem os prefácios eucarísticos).


Dessa forma, a solidariedade é, não somente respeitável, mas necessária e obrigatória, sendo um dever da justiça que zela, acima de tudo, da dignidade humana.


No entanto, não podemos reduzir a beneficência, fruto da caridade, ao mesmo status da solidariedade. A beneficência é o ato através do qual a caridade se traduz, ela não é a ação social (infinitamente respeitável) resultante da vontade do homem, ela é a fruto imediato da ação divina (virtude teologal da caridade) sobre o homem. Ação que o preenche com um amor inquieto, amor tão profundo como aquele do Pai que sacrificou o Filho para nossa salvação. E esse amor, ao abrasar o homem, o conduz em direção a seu próximo para assisti-lo com a mesma ternura com que nós somos assistidos pelo Criador. Esse movimento, esse ato da Graça Santificante sendo comunicada de uma criatura a outra, restaura no ser humano sua vocação de ser filho de Deus por adoção e imitação de Jesus Cristo.


A esse respeito, disse o Conde Henri de Virineu em 29 de Julho de 1782 no convento de Wilhelmsbad:


“A virtude que chamamos beneficência é a disposição da alma que faz o bem a favor dos outros, seja qual for a natureza desse bem. Essa virtude alcança um imenso campo, já que é da sua essência operar um bem em geral. Tudo o que o espírito possa conceber como bem no universo é sua preocupação e, portanto, alvo de sua ação. É dessa forma que o homem deve contemplar e praticar a virtude da beneficência pela qual se converte ele mesmo naquilo que há de mais parecido ao Principio Infinito do qual é imagem e semelhança.”.

Eis a medida exata, que deve ser o coração da beneficência maçônica pertinente a espiritualidade do Regime Escocês Retificado.


Fazemos votos, para que o Maçom Retificado, não reduza a compreensão e a ação da caridade, da qual ele foi escolhido para se fazer veiculo por meio da beneficência ativa e esclarecida que a ordem proclama, para a solidariedade. Claro que essa deve ser apoiada como instrumento de justiça mas a caridade é dom de Deus, a quem desejamos nos reintegrar ...


Que Nossa Ordem Prospere !!!


Fontes:

I.C.J.M.S. Que Nossa Ordem Prospere !!!


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