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A Trajetória e a Vida de Jean-Baptiste Willermoz - Parte 1

O conjunto de textos que apresentaremos nessa série foi extraído diretamente do livro "Un Mystique Lyonnais et les Secrets de la Franc-Maçonnerie - 1730 - 1824" da arquivista francesa Alice Joly.


Verão os leitores mais assíduos do blog que muito do que será exposto aqui nós já o publicamos (assim como blogs e sites franceses e espanhóis o fizeram) seja de forma integral ou compondo textos traduzidos de outros veículos. No entanto vamos reproduzi-los assim mesmo a fim de apresenta-los ao leitor na integra.


Muito distante das lendas maçônicas e oposto a votos piedosos e às alegações vazias, Alice Joly, com o generoso apoio de René Le Forestier, em 1938, realizou um trabalho de historiadora. Amparando-se nos inúmeros arquivos preservados na "Bibliothèque de Lyon" e na "Bibliothèque de Grenoble", bem como nas obras e estudos de autores como Émile Dermenghem e Gerard Van Rijnberk, a autora empenhou-se em trazer à tona a verdade factual, especialmente evidenciada na profusão de correspondências trocadas entre Jean-Baptiste Willermoz e seus irmãos maçons, cohens, iluminados ou místicos.


Ao desnudar, por meio da longa trajetória desse personagem incontornável, as nuances de uma época e de personagens que presidiram o nascimento de tantas tradições místicas e esotéricas, a obra de Alice Joly ergue-se, por si só, como uma leitura imprescindível a todos aqueles que se alinham com a Maçonaria Retificada e, de modo mais abrangente, a todos aqueles que se reconhecem na busca pelo retorno ao Absoluto que animou Jean-Baptiste Willermoz até o crepúsculo de sua existência. Para os irmãos que praticam o Rito Retificado, essa leitura deveria ser obrigatória, assim como são os rituais e as regras maçônicas, pois ela oferece um profundo entendimento das raízes e dos princípios que fundamentam nossa prática maçônica retificada.


A obra de Joly é riquíssima descreve, com muitos detalhes, as relações que Jean-Baptiste Willermoz mantinha com toda a maçonaria francesa e europeia: Louis Claude de Saint-Martin, Savalette de Langes, de Chefdebien, Bacon de la Chevalerie, Havré de Croy, Rodolphe Saltzman, Jean et Bernard de Turckheim, Charles de Hund, Ferdinand de Brunswick, além do Agente Desconhecido, Mme Provensal, etc.


No entanto, sua vida será marcada pelo encontro com Martinez de Pasqually e pelas práticas teúrgicas da Ordem dos Chevaliers Elus Coëns de l'Univers. Sem mencionar seu encontro com o sistema templário por meio da Ordem Alemã da Estrita Observância do Barão Charles de Hund, da qual ele se tornou organizador e propagador na França.


Enfim, é leitura indispensável e essencial para qualquer um que se interesse pelo Rito Escocês Retificado.


Extrato Capitulo Primeiro do Livro "UM MÍSTICO LIONÊS E OS SEGREDOS DA MAÇONARIA 1730-1824"

(Alice Joly)


Um jovem comerciante liônês em 1750. - Iniciação na Maçonaria. - As lojas mais antigas de Lyon. - Jean-Baptiste Willermoz, fundador de lojas. - A Grande Loja dos Mestres Regulares em conformidade com Paris. - A Maçonaria escocesa. - O grau templário G. I. G. E. de Metz. - Os segredos dos Rosa-Cruzes. - Experimentos alquímicos de Pierre-Jacques Willermoz. - O Capítulo da Águia Negra Rosa-Cruz.



No dia 15 de fevereiro de 1745, Claude-Catherin Willermoz, um comerciante de mercadorias que havia deixado Saint-Claude, na Franche-Comté, no início do século, em busca de fortuna em Lyon, colocou seu filho Jean-Baptiste como aprendiz de Antoine Bagnion, um comerciante de sedas. A criança ainda não tinha completado quinze anos, pois havia nascido em 10 de julho de 1730. Ele entrou como "ajudante" para garantir a alimentação que seu patrão era obrigado a fornecer nos dias de trabalho, e também pela promessa de ser instruído nos métodos comerciais da seda. Dois anos depois, o jovem havia subido de posição; agora era um assistente de loja e desfrutava de melhores condições de moradia e alimentação, contratado pela empresa Liotard, Manéchalle e Cia, comerciantes e fabricantes [1]. Não há dúvida de que ele tinha senso de negócios, pois em 1754 já estava estabelecido por conta própria como fabricante, "na rua que atravessa da rua de l'Arbre Sec à rua Bas d'Argent" [2]. O jovem Willermoz havia crescido em meio à atividade dos comerciantes e artesãos. Suas antigas e sombrias casas se aglomeravam em um labirinto de ruas ao redor da igreja de Saint-Nizier, o coração da cidade, onde eram celebradas as grandiosidades religiosas da vida municipal. Toda a sua juventude foi vivida entre o Saône e o Ródano, entre o antigo bairro dos mercadores e o da seda, cujas ruas mais recentes se estendiam em direção ao rio, cercavam a prefeitura e subiam a Croix-Rousse. Ele não teve muito tempo para se dedicar a estudos desinteressados ou a uma formação intelectual. Jean-Baptiste era o mais velho de uma numerosa família; aos doze anos, ele já havia deixado o colégio da Trindade para trabalhar na loja do pai, tendo tido apenas tempo suficiente para adquirir conhecimentos dos seus mestres, se não uma ortografia sólida, pelo menos uma escrita elegante e clara.


No austero meio da pequena burguesia mercantil, sob a influência de pais bons paroquianos, muito orgulhosos de terem um irmão padre e vigário em Saint-Nizier, mas preocupados principalmente em criar material e moralmente sua família [3], Jean-Baptiste Willermoz desenvolveu, com sólidos hábitos de ordem e trabalho, um profundo apego às práticas da religião católica.

É um fato, bastante surpreendente à primeira vista, que o jovem factotum que se tornou fabricante e comissário de sedas, no meio da multidão de seus concidadãos, não se destacou por sua importância industrial ou sua ação social, mas sim pela dedicação que ele colocou em conhecer as doutrinas ocultas e pelo papel importante que desempenhou nas sociedades maçônicas do século XVIII. Jean-Baptiste Willermoz foi iniciado na Maçonaria em 1750. Ele tinha vinte anos [4].


Em qual loja ele entrou? Ele não nos disse e é difícil saber com certeza. Desde pelo menos 1739, a sociedade inglesa encontrou seguidores em Lyon [5]. Mas tudo o que podemos deduzir da carta que ele escreveu em 28 de pluviôse do ano 13, para evocar seus primeiros passos na Arte Real da Maçonaria, é que naquela época havia apenas uma loja em sua cidade. Pelo menos ele não conhecia outras. Sabemos que foi também nesse ano que, segundo suas memórias, Casanova, durante uma estadia em Lyon, considerou útil para sua carreira se tornar um maçom.


[Nota do Blog Primeiro Discípulo: A data "28 de pluviôse do ano 13" pertence ao Calendário Republicano Francês, que foi usado na França durante a Revolução Francesa. Nesse calendário, cada mês tinha nomes relacionados à natureza e foi dividido em três décadas de 10 dias cada.


O mês "pluviôse" corresponde ao período de 20 de janeiro a 18 de fevereiro no calendário gregoriano. Portanto, "28 de pluviôse" seria o dia 17 de fevereiro no calendário gregoriano. Já o ano 13 refere-se ao 13º ano da implementação do calendário republicano, que começou em 22 de setembro de 1792. Portanto, "28 de pluviôse do ano 13" corresponderia a 17 de fevereiro de 1805 no calendário gregoriano.]


Nem Casanova nem Willermoz nos transmitiram o nome dessa antiga loja. Ela se chamava Le Petit Élu, L'Amitié? Era uma filial da Loja-Mãe Escocesa de Marselha? Bord, um pesquisador consciencioso de arquivos, observa que em 1744 existiam pelo menos três lojas em Lyon. Mas ele não fornece as fontes dessa informação [6]. De qualquer forma, Lyon não está na "Lista das Lojas Regulares do Reino da França feita na assembleia da Grande Loja realizada em 6 de novembro de 1744" [7]. Isso não significa que Lyon não tivesse, nessa época, lojas irregulares; assim como no resto da França, o sucesso da sociedade maçônica só se afirmou após 1750. A menos que novos documentos sejam encontrados, não sabemos nada sobre seu desenvolvimento anterior [8].


Embora não saibamos em qual loja o jovem Irmão deu seus primeiros passos, sabemos que eles foram rápidos. Ao evocar, como mencionamos, essas antigas lembranças, ele conta que imediatamente foi "adornado com todas as fitas e todas as cores possíveis". Aliás, ele escreve com desprezo sobre essa loja e esses tempos passados, descrevendo-se como tendo se desgostado rapidamente da frivolidade e da falta de disciplina que reinava na Maçonaria. Ele até acrescenta que, se não fosse pela amizade e cuidado especial que o Venerável de sua loja teve com ele, ele não teria permanecido lá. Devemos acreditar completamente nele? Sem dúvida, ao escrever cinquenta anos depois, ele exagera, com sua experiência adquirida, a decepção que sua iniciação lhe causou.


[Nota do Blog Primeiro Discípulo: O sentimento descrito por Willermoz quanto a sua iniciação e a forma imediata com que ele foi "adornado com todas as fitas e todas as cores possíveis" não difere muito do sentimento que um buscador verdadeiro tem ao se deparar com a maçonaria de nossos dias onde, muitas vezes, parece que o progresso filosófico dos irmãos é medido por sua capacidade de pagar taxas e não por sua capacidade de absorver o ensino moral que nossos ritos disponibilizam]


Como a maioria dos que desejavam ser admitidos entre os Maçons, ele foi seduzido pela reputação dessa sociedade, que já estava muito na moda. Ela era secreta por definição, mas sabia-se que era costume fraternizar com membros proeminentes da nobreza e da alta burguesia em perfeita igualdade. Para um comerciante, isso era uma perspectiva lisonjeira no mundo ainda tão hierarquizado do século XVIII. O desejo de seguir a moda e de conviver com pessoas importantes não foram as únicas coisas que atraíram Jean-Baptiste Willermoz. Um motivo mais poderoso o conquistou: o prestígio do segredo maçônico. O silêncio mantido por toda a instituição sobre suas atividades parecia esconder um depósito de conhecimentos importantes e, por isso, desejáveis.


[Nota do Blog Primeiro Discipulo: Ao observarmos a figura de Willermoz, é importante compreender que ele era, sem dúvida alguma, um ser humano dotado de muitas virtudes, mas também de muitas imperfeições. Nesse contexto, é válido reconhecer que ele não possuía nenhuma características de asceta ou de santo, sendo - no fim das contas - apenas um ser humano - como todos os demais - dotado de desejos e imperfeiços.


Alice Joly, certamente trouxe à luz, em sua obra, alguns aspectos muito importantes das motivações de Willermoz, nem sempre adornadas de pureza e iluminação. Nosso pai fundador não estava imune à ambição, ao desejo por nobreza e de certa busca por poder temporal.


Como ser humano, Willermoz estava sujeito às complexidades da natureza humana, o que inclui o equilíbrio entre nobres ideais e desejos pessoais. É necessário entender seu legado de forma abrangente, valorizando seus esforços para elevar a alma humana e conduzi-la à seu fim ultimo, mas também é necessário estar ciente das nuances que permearam sua trajetória na Maçonaria e para além dela. Reconhecer tais aspectos nos ajuda a compreender a complexidade dos indivíduos e o contexto histórico em que viveram.]


Na realidade, não sabemos quais graus a loja dele concedia em 1750. É provável que já tivesse complicado a progressão dos três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre, da Maçonaria simbólica, seguindo o exemplo de todas as outras no reino que estavam tornando cada vez mais complexas as formas importadas da Inglaterra.


Os primeiros rituais ensinavam ao Aprendiz e ao Companheiro a lenda do templo de Salomão e os incitavam a se considerarem sucessores daqueles que haviam construído a maravilhosa estrutura sob a direção do arquiteto Hiram, em honra a Deus, o Grande Arquiteto do Universo. Eles explicavam que Hiram havia decorado o pórtico do Templo com duas colunas de bronze: uma chamada Jakin e a outra Boaz. Como inspetor geral dos trabalhos, chefe de obras e arquiteto, Hiram era um administrador engenhoso; ele teve a ideia de distinguir os numerosos trabalhadores da empreitada em três grupos distintos: Aprendizes, Companheiros e Mestres. Cada classe recebia um salário especial. Para evitar fraudes e contestações, cada funcionário deveria conhecer uma palavra secreta, a senha de seu grau, e saber fazer os sinais e toques correspondentes. Os Aprendizes tinham a palavra Jakin e deveriam se posicionar, no dia do pagamento, ao lado de sua coluna, à esquerda ao entrar no Templo. Os Companheiros tinham a palavra Boaz e se reuniam na coluna Boaz. Os Mestres se encontravam na câmara do meio, e sua palavra, que era Javé, só foi alterada após a morte de Hiram. Pelo menos é isso que conta o ritual do grau de Mestre que a Biblioteca de Lyon possui [9].


Mas a história se complicou e se tornou dramática. Na verdade, Hiram foi assassinado. Ele caiu vítima de seus escrúpulos e precauções sob os golpes de três Companheiros que pretendiam obter, à força ou não, sua promoção ao grau de Mestre. Um dos assassinos estava armado com uma régua, o segundo com um malhete e o terceiro com uma alavanca. Em seguida, falava-se das investigações empreendidas por ordem do rei Salomão para encontrar seu arquiteto desaparecido e da descoberta do corpo que os assassinos haviam enterrado sob uma acácia, ao pé do monte Hébron. Alguns graus de Mestre faziam alusões pouco claras a uma certa palavra perdida em decorrência do crime fatal, que era extremamente urgente encontrar. Um luxo de senhas, explicações e, às vezes, precisões obscuras acompanhava a lenda dramática do infeliz Hiram. As decorações dos Maçons, os ornamentos e os tapetes das lojas se esforçavam para simbolizar as etapas dessa história, com mais ou menos luxo e bom gosto. Essa anedota era apresentada de forma a despertar a curiosidade do destinatário, como se contivesse a própria essência do mistério que deveria ser ocultada dos simples mortais.


Mas, após a primeira surpresa e essas revelações bizarras, o entusiasmo do neófito esfriava. Afinal, qual era o significado de todas essas histórias encenadas nos rituais de iniciação, com maior ou menor interesse espetacular? Joseph de Maistre expressou de forma excelente essa desilusão da qual ele mesmo havia experimentado pessoalmente: "Talvez não exista um Maçom um pouco capaz de reflexão que não se pergunte, uma hora após sua iniciação: 'Qual é a origem de tudo o que vejo? De onde vêm essas cerimônias estranhas, essa parafernália, essas grandes palavras, etc...' Mas, após viver por algum tempo na Ordem, surgem outras perguntas: 'Qual é a origem desses mistérios que não revelam nada, desses símbolos que não representam nada?' Por vários séculos, homens de todos os países se reúnem para ficarem em duas filas, jurar nunca revelar um segredo que não existe, colocar a mão direita no ombro esquerdo e trazê-la de volta para a direita da mesa? Não se pode extrapolar, comer e beber em excesso, sem mencionar a Estrela Flamejante? etc., etc.'"

Essas perguntas são muito naturais, muito sensatas. Infelizmente, não se vê que a história, nem mesmo a tradição oral, tenha se dignado a responder [10].

[Nota do Blog Primeiro Discipulo: Tanto em outros post do Blog como em palestras abertas a maçons regulares ja trouxemos essa realidade a tona. Duas dessas palestras podem ser encontradas online no canal do youtube chamado RER Brasil]


Se considerássemos simbolicamente a construção do Templo na qual o Maçom deveria colaborar, ficava claro que a sociedade envolvia seus membros a trabalharem em seu próprio aperfeiçoamento e também no aperfeiçoamento da sociedade em que viviam. Mas era realmente necessário tanto mistério e tantas referências distantes para promover a prática das virtudes humanitárias, que naquela época eram o programa das pessoas esclarecidas e o deleite dos corações sensíveis? Precisamos lembrar que a fraternidade maçônica tinha, acima de tudo, a ideia totalmente cristã de que todos os homens, igualmente resgatados pelo sangue de Cristo, são por si só iguais?


[Nota do Blog Primeiro Discipulo: É crucial lembrar que a fraternidade maçônica, em sua essência, compartilha a visão cristã de que todos os seres humanos são iguais perante Deus, resgatados pelo sangue de Cristo. Essa ideia de igualdade é um princípio fundamental que permeia as práticas e os rituais maçônicos.]


Se os franceses tinham a tendência de estender a toda a humanidade essa noção de igualdade, isso não era nulamente uma ideia proveniente das lojas, mas o reflexo do que professavam pensadores e filósofos [11]. Era lisonjeiro praticar a igualdade a portas fechadas, entre Irmãos de classes sociais diferentes, banquetear em companhia, engajar-se juntos em torneios de eloquência; mas nada disso requeria uma discrição absoluta. Qualquer mente equilibrada deveria se surpreender com a pouca razão para tantos juramentos solenes. Daí a se desvencilhar de uma sociedade manifestamente absurda e cujo mistério era meramente uma mistificação, havia apenas um passo a ser dado.


[Nota do Blog Primeiro Discipulo: Assim como hoje, a evasão maçonica era uma realidade. Isso graças ao vazio as frivolidades que, ao fim e ao cabo, era o que a maçonaria da época acabava porofertar a seus iniciados]


Jean-Baptiste Willermoz jamais deu esse passo. Suas dúvidas foram acalmadas pelo Venerável de sua loja. Teríamos gostado de conhecer os argumentos utilizados. Ele lhe terá observado que, se os Irmãos de Lyon só sabiam frivolidades, era imprudente julgar com base neles todos os Maçons da França e de todos os demais países? O prestigioso Oriente, onde precisamente Salomão havia construído seu templo, sempre foi tido como o local onde se preservavam tradições antiquíssimas. A Maçonaria se reclamava de uma tal origem e de uma venerável antiguidade. Não seria acaso que, dentre os Irmãos reunidos para perpetuar a memória de Hiram, houvesse alguns que soubessem o verdadeiro segredo, o sentido da palavra perdida transmitida aos mais dignos através dos séculos? Ao menos, era isso que se podia esperar.


Foi isso o que fizeram a maioria dos Maçons do século XVIII. Era, evidentemente, muito mais difícil do que para nós informar-se seriamente, e julgar que o edifício de seu Templo era estranho apenas porque tinha sido desviado de seu uso primitivo, que era abrigar uma associação de homens de ofício, e que seu mistério era apenas a lembrança do segredo dos métodos de construção que os Companheiros do edifício queriam reservar para si. Preferiam pensar que uma revelação se ocultava sob essas aparências complicadas e que, em algum lugar, havia Irmãos instruídos a esse respeito. Primeiro era necessário encontrá-los, depois, merecer sua confiança para fazê-los se explicar. Os Maçons zelosos misturavam, portanto, uma viva preocupação de informação ao gosto do proselitismo e das reformas.

Seguindo Jean-Baptiste Willermoz no pequeno mundo das lojas lionesas, vemos que, embora a loja da qual ele faz parte o tenha desapontado, a sociedade maçônica continua a interessá-lo vivamente. Ele desenvolveu uma grande atividade na organização das lojas de sua cidade.

Em 1752, quando o Venerável que o tinha instruído saiu de Lyon, esse jovem de vinte e dois anos substituiu seu mestre à frente da assembleia. No ano seguinte, cansado das ocupações frívolas do círculo que presidia, junto com nove de seus amigos, ávidos como ele por seriedade e ordem, fundou a Perfeita Amizade [12]. Foi eleito Venerável no dia de São João Batista de 1753. A loja logo prosperou.

O número de Irmãos já alcançava 29 em 1760; três anos depois, chegava a cerca de cinquenta, sendo em sua maioria burgueses e comerciantes, um meio pouco aristocrático. Desde 1756, Willermoz demonstrava seu apreço pelos benefícios de uma autoridade superior, ao obter o reconhecimento de sua fundação pela Grande Loja da França. A partir de então, ela estava ligada ao comitê dos Mestres parisienses que, sob o patrocínio decorativo do Conde de Clermont, se esforçavam para dirigir - e até mesmo purificar - a Maçonaria Francesa [13]. A patente de constituição que Willermoz obteve em 21 de novembro de 1756 para a Perfeita Amizade é o documento mais antigo em Lyon sobre a atividade organizacional da Grande Loja de Paris.

Em várias ocasiões, foram relatadas as numerosas fundações que Jean-Baptiste Willermoz realizou em Lyon entre 1753 e 1760. Eu até me pergunto se não tendemos a atribuir a ele um pouco demais. Geralmente lhe é atribuída a criação de uma sociedade, conhecida como "Sociedade da Sabedoria", com base nas Efemérides das Lojas de Lyon. M. P. Vuillaud [14] o acusa de ter formado um ambiente de maçons crédulos e ignorantes: essa "Sabedoria" tão pouco sábia que, vinte anos depois, Cagliostro não teve dificuldade em seduzi-la. Isso parece ir um pouco rápido demais e construir hipóteses com base em uma informação incerta. Willermoz, um espírito preciso que gosta de ocasionalmente revelar seu passado maçônico, nunca fez referência a essa fundação [15]. Quando, em 1763, a Sociedade da Sabedoria solicitou a constituição como uma loja maçônica, ela declarou como seu fundador um certo Eynard de Cruzolles [16]. Willermoz também é ocasionalmente creditado por ter fundado os Vrais Amis. No entanto, isso também é um equívoco. Essa loja foi fundada em 1759 por um certo Hébert, um dentista ambulante, que foi excomungado pelos Irmãos de Lyon em 1762, com várias justificativas que comprovam amplamente que esse Hébert faltava a todas as virtudes maçônicas e a algumas outras, especialmente a mais elementar: a honestidade.

Vamos agora voltar a criações mais reais.

Foi por instigação de Jean-Baptiste Willermoz que, em 1760, três lojas maçônicas, devidamente reconhecidas pelo comitê parisiense presidido pelo Conde de Clermont, se uniram "à semelhança de Paris" [17]. A Parfaite Amitié tinha cerca de trinta membros naquela época; l'Amitié, com Jacques Grandon como Venerável, tinha vinte; os Vrais Amis eram apenas doze, sob a direção de Jean Paganucci.

No dia 4 de maio, os três Mestres declararam fundar entre si uma loja superior, que seria responsável por guardar os arquivos e supervisionar o bom funcionamento da Ordem na região de Lyon. Com a autorização da Grande Loge de France, eles se propuseram a desempenhar, em uma escala mais modesta, o papel regulador que ela se esforçava para exercer em todo o Reino. Ficou acordado que os futuros Mestres das lojas regulares se tornariam membros da Loja-Mãe, e que outros Irmãos, apenas delegados de seus respectivos círculos, poderiam assistir às deliberações. Constituições de loja, regulamentos e estatutos foram enviados a Paris para serem reconhecidos, assinados, selados, autenticados e autenticados, tanto quanto esses bons burgueses amantes da forma desejavam.

Se julgarmos pelo bom estado de seu registro, a Grande Loge des Maîtres Réguliers teve uma existência bem organizada e conseguiu ser o mentor do mundo maçônico de Lyon. Em 1760, tinha seis membros, três Mestres de loja e três Delegados; em 1765, eram quarenta e nove ao todo. Em 1763, estabeleceu-se em seus móveis na rua Saint-Jean. Tinha correspondentes em todas as lojas da França, mas sua influência era especialmente sentida nas do Sul. Em Lyon mesmo, o número de suas filiais não parava de crescer. De 1763 a 1767, ela agregou sucessivamente a Sagesse, les Amis Choisis, a loja militar Saint-Jean de la Gloire, le Parfait Silence [18] e, finalmente, a Parfaite Réunion, fundada pelo abade de Culty.

Essa próspera loja não tem muita história. Pois não se pode contar como escândalos a exclusão do dentista Hébert ou a acolhida lisonjeira ao irmão Zobii, príncipe hereditário de Zibii na Arábia Feliz, que era apenas um aventureiro; nem mesmo a indelicadeza do irmão Legris, que aproveitava suas funções de tesoureiro na Amitié para oferecer, na própria sede da loja, na montée du Chemin-Neuf, a indivíduos da classe mais baixa uma recepção escandalosa nos graus simbólicos, seguida de um jantar igualmente escandaloso.

Jean-Baptiste Willermoz foi o Grão-Mestre da Mãe-Loja durante os anos de 1762-1763; depois, tornou-se seu Guardião dos Selos e Arquivista [19]. Essa função era evidentemente conveniente para satisfazer sua ardente curiosidade por tudo o que pudesse finalmente lhe trazer o "verdadeiro segredo" da Ordem. Também satisfazia o lado organizado e ordenador de seu caráter. Ele nasceu, como escreve, "pronto para se inflamar ao menor sinal de desordem" [20]. Seu espírito metódico também era atento aos pequenos detalhes. Ele devia encontrar grande satisfação em redigir atas claras, compor listas e tabelas bem organizadas; classificava a correspondência e os documentos, anotava cada carta com as datas do recebimento e da resposta; em poucas linhas, fazia pequenas análises dos documentos que guardava. A criação de uma Grande Loge provinciale régulatrice correspondia à preocupação com a ordem, que foi uma de suas qualidades mais marcantes.


Ele tinha uma natureza dupla; como M. Dermenghen afirmou de forma excelente: "o que constitui o cerne de seu caráter é uma mistura de realismo prático e idealismo místico". Devemos acrescentar que seu senso prático chegava ao nível da minúcia e que seu misticismo [21] era muito aventureiro. Ao mesmo tempo em que supervisionava a polícia da Maçonaria regular em Lyon, ele aproveitava as relações de sua Grande Loja com vários maçons do Reino para se informar sobre os costumes que eles observavam, os graus que conferiam e os objetivos que pensavam perseguir. Esse estado de espírito não teria nada de particularmente original se, entre a multidão de maçons ansiosos por encontrar "o verdadeiro propósito da Ordem", Jean-Baptiste Willermoz não se destacasse pela seriedade e pelo método que ele trouxe para suas pesquisas. Ele tinha muito a fazer naquele momento.

Esses anos foram aqueles em que a Maçonaria se complicava ao bel-prazer. As lojas aumentavam o número de seus dignitários. Os graus se multiplicavam, todos alegando conter apenas segredos verdadeiros. Muitos aventureiros se aproveitavam da empolgação geral por uma sociedade que lhes oferecia um campo de ação tão favorável. Eles criavam segredos inéditos, lojas particulares e realizavam iniciações mediante pagamento. Ninguém conseguia se encontrar no meio dessas fantasias.

O caso da Grande Loja de Lyon é muito típico. Em 1760, ela oficialmente reconhecia sete graus: Aprendiz, Companheiro, Mestre, Mestre Eleito, Mestre Perfeito, Mestre Escocês e Cavaleiro do Oriente [22]. Nisso, aliás, ela já se mostrava muito mais ampla e sensível aos títulos e encenações do que a Grande Loja da França, que teoricamente reconhecia apenas os três graus simbólicos nessa época. Mas é provável que Lyon suportasse, ao lado de suas distinções oficiais, muitas outras de origens diversas; em 1762, ela afirmava conhecer vinte e cinco [23].

A lista é longa e pitoresca. Ela contém, após os três graus simbólicos, algumas variações do grau de Mestre: Ilustre, Perfeito, Irlandês, Secreto, Inglês, Favorito. Em seguida, vinham títulos de eleitos: Mestre Eleito, Segundo Grau de Eleito, Eleito Supremo. Esses graus ilustravam as circunstâncias da prisão e do suplício dos assassinos de Hiram. O ritual explorava a vingança dos maçons com um mau gosto perfeito. Havia apenas cortinas e fitas negras, acessórios ameaçadores ou lúgubres, punhais, caixões, cadáveres de papelão e panos, em falta de corações de animais comprados do açougueiro, tudo manchado de tinta vermelha simulando sangue.

Outros graus desenvolviam não a história do arquiteto, mas a do Templo. Eram os títulos de Escoceses e de Arquitetos: Escocês dos três I, Escocês de Paris, Pequeno Arquiteto, Grande Arquiteto, Sublime Escocês. Seus rituais atribuíam a Ordem da Maçonaria aos sucessores de Hiram, especialmente a esses sábios guerreiros protetores e reconstrutores do Templo de Salomão após o cativeiro do povo de Israel [24].


Supostos descendentes dos sábios israelitas, os maçons naturalmente esperavam encontrar no segredo maçônico algum vestígio da ciência de Israel. Foi a esse desejo que os fabricantes dos rituais chamados Escoceses tentaram responder. Não lhes era muito difícil se inspirar nos numerosos trabalhos que haviam sido escritos sobre o assunto desde a época do Renascimento. Os traços mais característicos coletados pela Maçonaria foram vagos princípios de cálculo cabalístico, a importância atribuída ao sentido simbólico dos números e, acima de tudo, a crença de que o nome divino, o tetragrama sagrado, era para o iniciado um instrumento de milagre..

Entre os graus dos irmãos de Lyon, também se encontram os de Cavaleiro do Sol ou dos Adeptos, da Águia, do Pelicano, de São André ou Maçom de Heredon. Esses nomes carregam a marca de sua clara inspiração: os adeptos são os alquimistas, filósofos dedicados à busca da Grande Obra; o Pelicano, um animal supostamente generoso que se esgota ao alimentar seus filhotes com seu próprio sangue, representava a Pedra Filosofal, que também se esgotava ao operar a transmutação do metal em ouro; a Águia, com seu formidável poder destrutivo, era o símbolo do mercúrio; quanto a São André, era considerado o patrono dos iniciados por ter sido escolhido por Jesus como um dos Apóstolos.

O grau supremo em Lyon era, em 1761, justamente o grau de Cavaleiro de São André. Isso significa que, naquela época, Lyon considerava as revelações alquímico-cabalísticas como o ápice da ciência maçônica. Isso não significa que os habitantes de Lyon aceitavam todas as novidades sem questionamento. Muito pelo contrário. Ao estudarmos os estatutos de 1760 da Grande Loja de Lyon, vemos que foram previstas duas seções especiais: a Grande Loja Escocesa e a Soberana Loja dos Cavaleiros do Oriente, que seriam responsáveis por todos os títulos que ultrapassavam os sete graus oficialmente reconhecidos. Era uma seleção, uma espécie de nobreza entre os Mestres da Grande Loja, incluindo aqueles que tinham o gosto e o dinheiro suficientes para buscar as novas decorações e segredos inéditos. Algumas evidências da atividade desses dois capítulos distintos são encontradas nos registros da Grande Loja de 1760 a 1765 [25].

Jean-Baptiste Willermoz analisa seu estado de espírito e as medidas que tomou na época em uma carta que escreveu em 1772 ao Barão de Hund e que Steel Maret reproduziu em seus Arquivos Secretos: "Desde minha primeira admissão na Ordem, sempre estive convencido de que ela continha o conhecimento de um propósito possível e capaz de satisfazer um homem honesto. Com base nessa ideia, trabalhei incansavelmente para descobri-lo. Um estudo contínuo de mais de vinte anos, uma correspondência particular extensa com irmãos instruídos na França e no exterior, o depósito dos arquivos da Ordem de Lyon confiado a mim há dez anos, me proporcionaram os meios necessários. Por meio deles, encontrei numerosos sistemas, todos mais singulares do que os outros" [26].

Uma troca de correspondências entre a Grande Loja de Lyon e uma loja de Metz, chamada Vertu alliée à celle des Parfaits Amis, o colocou na pista de um mistério a ser esclarecido [27]. Os irmãos de Metz haviam enviado a lista de seus vinte e um graus, semelhantes aos dos irmãos de Lyon. Jean-Baptiste Willermoz, que tinha relações comerciais com Meunier de Précourt, ex-Venerável da Vertu, talvez tenha sido o promotor da investigação oficial. A loja de Metz era menos rica do que a de Lyon em altos graus místicos, mas possuía o grau supremo de Grande Inspetor Grande Eleito, do qual se orgulhava imensamente e que naturalmente continha o segredo da verdadeira tradição. Se os irmãos de Lyon não o conheciam, era porque, afinal de contas, não eram verdadeiros maçons, e portanto nada podia ser explicado a eles. Assim, para testar seus correspondentes, os irmãos de Metz enviavam uma espécie de enigma: o desenho de uma escada misteriosa com sete degraus "que todo bom cavaleiro deve conhecer".

Os irmãos de Lyon entenderam bastante mal esse emblema indispensável, e no ano seguinte, Jean-Baptiste Willermoz aproveitou suas relações com Meunier de Précourt para obter, em caráter pessoal, as revelações que oficialmente a cautelosa Vertu ainda não havia concedido. Esse Venerável de Metz parece ter sido uma espécie de representante da casa de comissões de Willermoz. Suas cartas misturam negócios comerciais e informações maçônicas de uma forma bastante confusa; há muitos maçons envolvidos em seus assuntos comuns. Nada mais natural. Para um homem de negócios, era muito conveniente ser conhecido de forma vantajosa nas lojas e, assim, ter um círculo de relações preestabelecidas em muitas cidades do Reino. Jean-Baptiste Willermoz, um comerciante perspicaz, aproveitava a ajuda que podia encontrar entre seus irmãos para sua instrução maçônica, mas também não desprezava um benefício simplesmente material.

Meunier de Précourt não tinha nada a lhe negar. Parece ter estado envolvido em circunstâncias muito obscuras em que o comerciante de Lyon havia sido prejudicado e não conseguiu prender os culpados. Ele se preocupa em alertá-lo sobre o perigo de fazer negócios com os liègeois, "ladrões privilegiados de toda a Europa" [28]. Por outro lado, ele precisava muito de ajuda financeira para uma "banca que ele vai abrir" em 22 de abril. Portanto, vemos em sua carta de 1762 que ele está fazendo o possível para pagar seu correspondente com segredos maçônicos, na falta de outras satisfações mais tangíveis. Ele anuncia o envio do catecismo de "Grande Inspetor Grande Eleito" com explicações "que poucas pessoas possuem". Outra carta, durante o verão, veio esclarecer suas revelações.

Os Francos-Maçons são os descendentes dos Cavaleiros Templários e, mais especificamente, daqueles que, conhecendo o segredo da Grande Obra, contribuíram para proporcionar ao seu Ordem tanta riqueza famosa. Willermoz já havia conseguido suspeitar que esse era o segredo dos irmãos de Metz [29]. Ele ainda tinha que aprender que o objetivo da Ordem era vingar a morte injusta de Jacques de Molay. Précourt precisou mesmo que era apropriado empreender uma ação no próximo concílio ecumênico, para obter, como compensação pelo dano causado, os bens que a Ordem de Malta possuía. O grau de Grande Inspetor Grande Eleito tinha, portanto, o objetivo de lembrar a morte do Grande Mestre dos Templários. A escada misteriosa que o candidato devia subir simbolizava as sete condições que Felipe, o Belo, teria imposto a Bertrand de Got para torná-lo papa.

Ainda possuímos esse pequeno livro [30]. Willermoz anotou-o com um breve esboço distribuindo a lenda templária entre os diferentes graus de um sistema maçônico possível. O catecismo era muito discreto. Era necessário comentários para esclarecer quais cavaleiros cristãos tinham sido os predecessores dos Francos-Maçons e a que vingança prática eles eram convocados.

A escada era apresentada como um símbolo moral que representava as virtudes que o maçom perfeito deveria adquirir [31]. A vingança a ser exercida estava dirigida apenas contra um inimigo inteiramente espiritual: o pecado.

Willermoz certamente estava interessado nas precisões de seu correspondente; a prova é que ele guardou as cartas que o último lhe pediu para destruir. No entanto, ele não lhes atribuiu uma importância significativa, talvez porque o rito de Metz era pouco importante e esse segredo era pouco conhecido entre as lojas francesas [32]. Na Alemanha, por outro lado, ele estava fazendo muito sucesso. A cidade de Metz estava muito bem posicionada para captar seus ecos [33], e Meunier de Précourt sabia que seu segredo vinha de além do Reno. Ele menciona os Cavaleiros Teutônicos e os Rosa-Cruzes alemães como tendo sido intermediários entre a Ordem do Templo e a Maçonaria. Ele sabe que os Rosa-Cruzes ainda existem na Alemanha e são depositários de "mil segredos maravilhosos".

O nome Rosa-Cruz havia despertado grande curiosidade no século anterior. Parece ter sido retirado de romances meio filosóficos, meio românticos atribuídos a Valentin Andreae, professor em Tübingen, no início do século XVII. Esses livros descreviam uma sociedade de homens sábios e perfeitos, guardiões de uma ciência oculta [34]. Na França, nenhum significado mais preciso foi atribuído ao nome misterioso, mas na Inglaterra e especialmente na Alemanha, muitos pequenos círculos que praticavam a alquimia o adotaram.

Desde a segunda metade do século XVIII, os ocultistas eram atraídos pela Maçonaria, seja porque desejavam aproveitar-se dessa sociedade da moda para obter papéis importantes e lucrativos, vendendo as receitas da Grande Obra como segredos maçônicos, ou porque, de forma mais sincera e ingênua, esperavam encontrar entre os Maçons alguns iniciados com conhecimentos importantes. Foi a partir de cerca de 1760 que o título de Rosa-Cruz apareceu entre os altos graus franceses. Nesse ponto, Meunier de Précourt mostrava-se bem informado sobre a atualidade maçônica.

Mas, embora o nome fosse relativamente novo, os segredos em si não eram. Eles já estavam contidos nos rituais que as lojas de Lyon possuíam. Se admitíssemos que a Maçonaria conservava a ciência dos alquimistas e que se escondia tão cuidadosamente apenas para ocultar do profano o segredo da transmutação dos metais, o objetivo supremo da Ordem era dominar a natureza e o mundo. O Maçom tinha a garantia de estar eternamente saudável graças à Panaceia, bem como ser rico graças à Pedra Filosofal. Um objetivo totalmente material, mas infinitamente mais cativante e pouco mais quimérico do que uma ação empreendida contra a Ordem de Malta.

Esse amplo campo de experiências aberto ao iniciado poderia tentar Jean-Baptiste Willermoz? Alguns anos antes, seu irmão mais novo, Pierre-Jacques, em vez de seguir a carreira comercial, se empenhou fervorosamente em tentar fazer ouro. Não se sabe se foi Jean-Baptiste que o direcionou para essas pesquisas, mas ele certamente forneceu os fundos necessários e aguardava os resultados com grande impaciência. Três vezes, o jovem alquimista de dezenove anos acendeu seus fornos, esperando que, com uma combinação adequada de prata, mercúrio e antimônio, ele pudesse aumentar o metal precioso após uma cozedura bem regulada. Três vezes, a experiência foi uma decepção. Em vez de aumentar o ouro, Pierre-Jacques só conseguia diminuí-lo consideravelmente. Mas as falhas não desencorajam um pesquisador nato. A confiança do jovem não estava abalada; ele apenas temia que o pessimismo de seu irmão mais velho e a ira de seu pai interrompessem seus experimentos fascinantes e o obrigassem a "voltar ao trabalho". Em uma bela manhã no início de agosto de 1754, deixando uma carta bastante confusa cheia de desculpas, repreensões e promessas, ele deixou a casa paterna para ir a Paris perseguir sua quimera.

Pierre-Jacques Willermoz viveu lá de forma miserável e bastante misteriosa sob um nome falso; seu irmão, em nome da família, ficava preocupado com de onde ele poderia obter seus recursos. Ele evitava as perguntas embaraçosas. Ao seu redor, hermetistas, pesquisadores obstinados trabalhavam há vinte, trinta e cinquenta anos na obra que ele se propunha a concluir em três anos. Sua ambição não havia se simplificado, pelo contrário. Suas pesquisas abrangiam todo o campo da "filosofia prática". Ele desejava possuir "ao mesmo tempo, bens, saúde, conhecimento da natureza e conhecimento de mim mesmo, e por meio disso, chegar o mais perto possível do poder do homem em relação ao Ser eterno" [35].

No meio dessas vertiginosas esperanças, Pierre-Jacques não carecia de bom senso, como se poderia pensar. "O homem", escreveu ele, "erra de loucura em loucura até encontrar aquela que lhe é mais adequada; como eu era um grande tolo, só houve uma grande loucura que pôde me fixar" [36].

A sua loucura o levou a desejar ir para a Alemanha, onde sabia que poderia encontrar adeptos sérios. Mas faltava-lhe dinheiro para empreender essa viagem de estudos, e Jean-Baptiste fez ouvidos moucos. O jovem contentou-se em fracassar sob a proteção de um certo Sr. Pernetti, em Saint-Rigaud [37]. Seu protetor o convidou, em 12 de junho de 1755, por uma carta cheia de efusões e ofertas de "sais admiráveis" que lhes permitiriam realizar juntos suas belas descobertas e, "com a ajuda do Senhor", alcançar seus objetivos.

Quem era esse Pernetti? Provavelmente Antoine-Joseph Pernety [38], um beneditino convertido às ciências herméticas que, na época, buscava com sucesso desigual a fabricação de ouro e a busca de sólidos benefícios eclesiásticos.

Durante um ano inteiro, Pierre-Jacques Willermoz conciliou diversos estudos, desde a mecânica até a química e a farmacopeia. Ele fabricava o "Alcahest", esse espírito capaz de transformar todos os metais em ouro, e o ouro potável, uma maravilhosa panaceia. No entanto, ao trabalhar e experimentar intensamente, o jovem perdia muitas de suas ilusões iniciais. O ambiente de Saint-Rigaud, a posição inferior em que se encontrava, não combinavam bem com seu caráter independente. Ele não podia mais suportar Pernety, "um homem que é considerado sábio quando não se discorda dele" [39]. Ele deixou seu refúgio e finalmente tomou uma decisão razoável, a de estudar medicina em Montpellier.

Jean-Baptiste Willermoz ficou encantado com a decisão de seu irmão. Uma coisa era usar termos alquímicos em uma recepção maçônica, outra coisa era ver um de seus entes queridos dedicar sua vida a essa ciência duvidosa. Ele forneceu o dinheiro necessário para que Pierre-Jacques pudesse empreender estudos sérios. O fabricante não havia se casado e não sentia nenhuma vontade de fazê-lo, então ele podia oferecer seu apoio à sua família. Seu pai estava doente e sua mãe havia morrido em 1756, e ele sentia cada vez mais a responsabilidade pelas almas. É preciso dizer que, no que diz respeito ao seu irmão "físico", o fardo se aliviou. A medicina e a química médica se adequavam perfeitamente ao temperamento de pesquisador de Pierre-Jacques Willermoz. Ele obteve seu doutorado em 1761 e foi nomeado preparador e demonstrador real de química na Faculdade de Montpellier.

Em casa, Jean-Baptiste iniciou um proselitismo, tão organizado quanto sua caridade. Ele fez com que seus dois irmãos mais novos fossem admitidos na Maçonaria: Pierre-Jacques, membro da Parfaite Amitié, foi recebido na Grande Loja em 1759, e Antoine foi em 1763.

Poderíamos pensar que a ciência dos alquimistas não teria segredos para o mais velho dos Willermoz, e que ele teria se afastado das lojas sobre as quais exercia alguma influência. Mas não é assim. Pelo contrário, vemos ele fundar um capítulo rosacruz, o Capítulo dos Cavaleiros da Águia Negra Rosa-Cruz. O capítulo já existia em 1763 [40], embora Willermoz tenha afirmado que o fundou dois anos depois. Esse círculo não é de forma alguma o que se pode chamar de capítulo templário [42]. Os rituais que nos chegaram [43], cheios de desenhos e de referências alquímicas, cabalísticas, astrológicas e aritmosóficas, não fazem alusão nem a Jacques de Molay nem a qualquer tipo de cavalaria cristã. Os Rosa-Cruzes de Lyon recomendam apenas os segredos da "filosofia prática" do rei Salomão. Apenas os nomes dos oficiais da loja têm alguma analogia com os de uma Maçonaria templária: o chefe do capítulo é o Grão-Mestre; ele tem dois tenentes: o Soberano Grande Vigilante e o Soberano Grande Prior; em seguida vêm os Bailes, Comandantes e os simples Cavaleiros. Sabemos que os habitantes de Lyon conheciam a lenda templária, mas ainda não estavam interessados em adotá-la.

Não nos enganemos. O título dessa loja, a escolha dos irmãos que eram admitidos nela - era necessário ter recebido todos os graus até o título de Cavaleiro do Sol para entrar no Templo - tudo isso não deve nos iludir sobre sua atividade e importância. A sociedade era pequena. Ela era presidida pelo Dr. Pierre-Jacques Willermoz, perfeitamente qualificado, como se reconhecerá, para guiar um círculo de alquimistas. Mas, se o doutor tinha toda a experiência desejável, naquele momento ele passava vários meses do ano em Montpellier, preparando-se e ministrando seu curso de química; isso dificilmente lhe permitia uma presidência efetiva e trabalhos contínuos em Lyon.

Que trabalhos? Jean-Baptiste Willermoz, escrevendo em 1772 para Charles de Hund [4], descreveu o capítulo da Águia Negra não como um lugar de experimentos, mas como uma espécie de conservatório dos Altos Graus, onde se examinava o valor dos segredos maçônicos. A aparência de ciência hermética conferida aos seus rituais era, portanto, um disfarce que escondia ocupações mais críticas do que práticas. Essa loja era uma duplicata da dos Soberanos Cavaleiros do Oriente. Não está claro exatamente a que ela correspondia, a não ser para compor um círculo mais secreto onde cada um pudesse falar abertamente. Não conhecemos nenhuma lista dessa associação íntima [44]; é provável que ela incluísse Maçons amigos dos dois Willermoz, já revestidos de múltiplos graus e iniciados nessas questões complexas. Entre eles, provavelmente estavam o abade Rozier, muito próximo de Pierre-Jacques e também imerso no estudo das ciências naturais; Bacon de La Chevalerie, um oficial de origem lyonesa enviado de Saint-Jean de la Gloire, e talvez alguns membros da Grande Loja Escocesa e da Loja Soberana dos Cavaleiros do Oriente: Sellonf, comerciante suíço, Monge, Belz e Paganucci.

O conservatório dos Altos Graus, qualquer que fossem seus membros, não estava sem assuntos de meditação, se julgarmos pelos rituais que foram preservados [45]. Willermoz nos disse que, após muita reflexão, condenou os graus de vingança como contrários aos princípios da moral. Aqueles que ele admitiu ainda compõem uma mistura muito indigesta. Com um ecletismo beirando a incoerência, o misticismo hebraico se associa aos princípios dos alquimistas, assim como à doutrina cristã e a memórias românticas da história das Cruzadas. A lista seria longa dessas conexões engenhosas de ideias que conseguem conferir um sentido mágico aos símbolos cristãos e transformar o Cristianismo em uma religião com tendência esotérica, onde Cristo é venerado não como o Redentor dos homens, mas devido ao poder milagroso de seu nome, como mestre dos prodígios.

No entanto, seria exagerado acreditar que os Cavaleiros da Águia Negra Rosa-Cruz levavam todas essas fantasias a sério. Certamente eles se contentavam com uma visão superficial das doutrinas secretas, assim como os entusiastas de investigação criminal se satisfazem com a leitura de um romance policial. Jean-Baptiste Willermoz encontrava nisso uma distração de suas preocupações comerciais. Acredito que ele colecionava os Altos Graus de forma metódica, como se coleciona selos postais, por diversão, mas com uma certa paixão e muito orgulho.

Um trecho de uma carta de Pierre-Jacques, datada de 25 de agosto de 1762, me parece bastante característico do divertimento e da emulação que os maçons das lojas de Lyon dedicavam à busca de seus segredos: "Quando escrevi para o abade (Rozier), a quem acabo de responder que trarei graus que você não conhece, tinha minhas razões. Além daqueles dos quais falei, que acredito serem seu rosa-cruz e seu cavaleiro do oriente, confirmado por Monge como sendo os mesmos, me foi comunicado outro que desenvolve o fundamento da maçonaria, do qual nunca ouvi você falar e sobre o qual não posso me explicar. Diga-me, no entanto, se você conhece essas letras G.I.G.L.ch.K e uma escada dupla... direi também que seu cavaleiro de ouro não é perfeito, não se diz "do Oriente", mas "de Oriont" e você não sabe absolutamente o porquê. Seria engraçado se seu aluno se tornasse seu mestre, mereça minhas bondades!"

Jean-Baptiste deixou o testemunho de que, no fundo de si mesmo, ele não estava satisfeito com todos esses sistemas mais estranhos uns do que os outros. Pierre-Jacques, por sua vez, tinha percebido a futilidade da ciência dos alquimistas [46]. Em uma carta de 1767, ele escreveu uma condenação muito lúcida de todos esses Altos Graus que ele tinha tido a oportunidade de conhecer bem. "Eu me importo muito pouco com decorações, grandes palavras, grandes clarezas, cifras, figuras singulares com as quais se diverte, em tudo o que é conhecido até agora, e no final sempre perguntar: cui bono [47]?"

O futuro iria descartar esse pessimismo e essa sabedoria de forma bastante despreocupada.

notas:


1. Bibl. Lyon, ms. 5525, pièces 5 et 6. Contrats d'apprentissages de J.-B. Willermoz.

2. Telle est l'adresse que portent la plupart des lettres écrites à Willermoz de 1754 à 1772.


3. Claude-Catherin Willermoz teve treze filhos. A mais velha era uma menina chamada Claudine-Thérèse, que se tornou a Sra. Provensal (1729-1810). Jean-Baptiste era o filho mais velho, e mencionemos seus dois irmãos: Pierre-Jacques (1735-1799) e Antoine (1741-1793). Cf. G.-M. TERME, Notice sur M. Willermoz, Lyon, 1824. — Louis DE COMBES. Les illuminés Martinistes de Lyon, 1906. — E. DERMENGHEN, Jean-Baptiste Willermoz. Les Sommeils, 1906.


4. Carta de Willermoz para a Triple Union de Marseille, 28 pluviôse an 13. Bibl. Lyon, ms. 5456, p. 12.

5. O Livro da nobre e ilustre sociedade e fraternidade dos maçons livres, um pequeno opúsculo anônimo sem local ou data, menciona Lyon em uma lista de cidades com lojas maçônicas datada de 1739.

6. G. BORD, La Franc-Maçonnerie en France, Paris, 1908, p. 437-448. Essas três lojas seriam a Amitié, la Parfaite Amitié e les Amis Choisis.

7. Lista antiga e nova dos mestres das lojas regulares da cidade de Paris e do reino da França, cujo muito respeitável e ilustre conde de Clermont, príncipe de sangue, é o Grão-Mestre, 1762. Esse pequeno caderno manuscrito contém uma lista de 1744 e outra de 1762. Em 1744, vinte lojas regulares existiam em Paris e vinte e quatro nas províncias.

8. Para questões relacionadas à Maçonaria de Lyon, consulte Éphémérides des loges maçonniques de Lyon, E. Vacheron, 1875. Este livro serve como fonte para todas as obras que posteriormente abordaram a mesma questão: J. BRICAUD, La Franc-Maçonnerie lyonnaise, Rev. Hist. de Lyon, 1905, t. IV, p. 199-200. — E. DERMENGHEN, op. cit., p. 27-30. — P. GROSCLAUDE, La vie intellectuelle à Lyon au XVIIIe. siècle, Paris, 1933, p. 383 e seguintes. Aliás, toda a passagem deste último livro, que trata da maçonaria, está tão repleta de pequenos erros que só contribui para a confusão da já muito confusa história das lojas maçônicas de Lyon

9. Bibl. Lyon, ms. 5457, p. 2.


10. Joseph de Maistre, La Franc-Maçonnerie, Mémoire au duc de Brunswick, publicado por E. Dermenghen, 1924, páginas 55-56.


11. Em relação aos primórdios da Ordem e suas doutrinas, referimo-nos ao livro de W. BEGEMAN, Vorgeschichte und Anfänge der Freimaurerei in England, e à obra de M. R. LE FORESTIER, Les plus secrets mystères des hauts grades..., Paris, 1916, enquanto aguardamos a obra extremamente importante que este historiador está preparando sobre a Maçonaria Templária, trabalho do qual esperamos antecipadamente obter tantas precisões e perspectivas fecundas sobre os fatos e as doutrinas do iluminismo maçônico.

12. Constituições... da Grande Loja de Lyon dos Mestres regulares. Bibl. Lyon, ms. Coste, 453. Os nove irmãos que compunham a Parfaite Amitié em 1765 eram: Willermoz, Veulty, Claudy, Marchand, Muller, Sellonf, Briquel, Poulle, Bouchet. Ibidem, fol. 62 v°.

13. Para toda a história geral da Ordem na França, referimo-nos aos seguintes livros: G. BORD, op. cit., A. LANTOINE, Histoire de la Franc-Maçonnerie française, Paris, 1929. Gaston MARTIN, La Franc-Maçonnerie française et la préparation de la Révolution, Paris, 1926, e do mesmo autor, Manuel d'histoire de la Franc-Maçonnerie française, Paris, 1932.

14. P. VUILLAUD, Les Roses-Croix lyonnais au XVIIIe siècle, Paris, 1929, p. 139-141.

15. Pelo menos em três ocasiões: em 1772, uma carta a Charles de Hund publicada por S TEEL-MARET, Archives secrètes de la Franc-Maçonnerie française, p. 148-149; em 1773, para obter do Grande Oriente patentes regulares (Bibl. Lyon, ms. Coste, 453, fol. 122 r°); e finalmente em 1805, uma carta de pluviôse-ventôse para a Triple Union de Marseille (Bibl. Lyon, ms. 5456, p. 12).

16. Bibl. Lyon, ms. fds Coste n° 453, fol. 60.

17. No manuscrito do fundo Coste n° 453, preservado na Biblioteca de Lyon, estão contidas as cartas de regularização das lojas, os estatutos, as listas e as atas das sessões da Grande Loja de 1760 a 1783. É a ele que nos referimos para toda a história da Grande Loja de Lyon

18. A aceitação da Parfait Silence ficou pendente de 1763 a 1766. Essa loja, cujo fundador era o irmão Lenoir, era considerada mal composta, tendo talvez o erro de ter se dirigido diretamente a Paris para ser admitida entre as lojas regulares.

19. Não vemos em que fatos se baseia o Sr. P. GROSCLAUDE, op. cit., p. 387, ao escrever que Jean-Baptiste Willermoz teve uma briga em 1762 com a Grande Loja da França. Um pequeno caderno das "Listas antigas e novas dos mestres das lojas regulares", datado de 1762, assim como o registro da Grande Loja de Lyon, mostram relações bastante corretas, pelo menos nessa data, entre ela e a Grande Loja da França.

20. Carta à Triple Union de Marseille, pluviôse-ventôse ano 13. Lyon, ms. 5456, p. 12.

21. DERMENGHEN, Sommeils, p. 24.

22. Biblioteca de Lyon, manuscrito Coste 453, folha 13 verso. STEEL-MARET, Archives secrètes de la Franc-Maçonnerie française, 11e fasc., Lyon, s. d., pp. 72-78.

23. Rituais de altos graus. Biblioteca de Lyon, manuscrito 5457, p. 4 a 11.

24. Sob a influência do discurso de Ramsay em 1737, que foi muito popular, os Maçons até aprenderam a confundir esses cavaleiros israelitas com os mais conhecidos cavaleiros cristãos que lutaram na Terra Santa em defesa do túmulo de Jesus Cristo.

25. Bibl. Lyon, manuscrito fds Coste 453.

26. STEEL-MARET, op. cit., p. 150.

27. STEEL-MARET, op. cit., p. 72-78. Carta de 9 de abril de 1761.

28. P. VUILLAUD, op. cit., p. 141-142. O Sr. Paul Vuillaud, em seu livro sobre os Rosa-Cruzes de Lyon, pensou que os Liégeois eram Francos-Maçons de Liège e ele se diverte com a opinião pouco favorável que os Irmãos tinham uns dos outros. Isso, ao nosso ver, parece ser um pequeno erro. Já havia trapaceiros o suficiente na maçonaria do século XVIII sem que sejam adicionados inadvertidamente, e Jean-Baptiste Willermoz trocou cartas com várias lojas sem que lhe seja atribuída uma hipotética correspondência com maçons flamengos.

29. Um lyonnais, J.-G. Lorin, foi o Venerável da Amitié em substituição a Grandon em 1761. Ele já possuía o grau de Grande Inspetor Grande Eleito, mas, segundo Meunier de Précourt, não havia sido completamente instruído sobre o significado pleno da dignidade recebida.

30. Bibl. Lyon, ms. 5483.

31. A escada tinha sete explicações diferentes, de acordo com Meunier de Précourt. Ele expôs a Willermoz os trabalhos históricos e arqueológicos que estava realizando sobre a Ordem do Templo. Ele teve a alegria de encontrar a escada de sete degraus no antigo Templo de Paris.

32. A Loja La Vertu declarou ter apenas correspondentes "instruídos" sobre o segredo em uma loja em Mainz, outra em Sedan e a do corpo dos caçadores de Berchiny.

33. Metz era um centro de criações maçônicas com o famoso Tschoudy, que, de 1756 a 1765, residia em sua cidade natal após viagens pela Europa Central e Rússia. (Bord, p. 254-255).

34. Sabe-se que a popularidade desse nome e a reputação dos Rosa-Cruzes levaram a uma mistificação em 1623, quando um manifesto enigmático foi afixado em Paris. Sabe-se também que Descartes aproveitou suas viagens pela Alemanha para procurar, sem sucesso, esses famosos Rosa-Cruzes que despertavam a curiosidade do público.

35. Carta de P.-J. Willermoz para J.-B. Willermoz, 14 de agosto de 1754. Lyon, ms. 5525 (bis).

36. 2 de junho de 1755. Lyon, ms. 5525 (bis).

37. Comuna de Charolles, Saône-et-Loire. No século XVIII, era sede de uma abadia beneditina fundada no século XII.

38. Antoine-Joseph Pernety, nascido em 1716 em Roanne, tornou-se beneditino. Após realizar pesquisas sérias, especialmente no 8º volume da Gallia Christiania, ele se envolveu com ocultismo. Em 1758, publicou "Fábulas Egípcias e Gregas Reveladas" e o "Dicionário Mitológico-Hermetico". Ele foi capelão na expedição de Bougainville e depois bibliotecário em Berlim em 1768, e posteriormente fundou o Rito dos Iluminados de Avignon.

39. Carta de P.-J. Willermoz, 28 de maio de 1756. Lyon, ms. 5525 (bis).

40. Bibl. Lyon. Ms. Coste 453, f° 97 v°, 10 décembre 1763.

41. Como acreditam J. Bricaud e, segundo ele, M. Grosclaude, nos trabalhos que já mencionamos.

42. Bibl. Lyon, Ms. 5457, peças 14 a 16. Rituais dos graus dos Cavaleiros da Águia Negra.

43. STEEL-MARET, loc. cit., p. 149.

44. P. GROSCLAUDE, op. cit., p. 395, nota 1, menciona uma lista de membros de um "Supremo Capítulo da Rosa-Cruz", mas não fornece uma data precisa, infelizmente, nem uma referência.

45 - Bibl. Lyon, Ms.5457, p. 4 a 16: Grande Escocês trinitário, Grande e Perfeito Arquiteto, Perfeito Arquiteto, Fundador ou Sacrifício, Soberano Comandante do Templo, Cavaleiro Templário Grande Eleito, Cavaleiro Eleito da Rosa-Cruz, Cavaleiro do Sol, Cavaleiro da Águia Negra Rosa-Cruz.


46 - Pelo menos foi isso que ele disse a Martinès de Pasqually em 1768. Bibl. Lyon, ms. 5471, p. 5.

47 - Carta de P.-.J. Willermoz, 22 de maio de 1767. Lyon, ms. 5525 (bis).


I.C.J.M.S.

Que Nossa Ordem Prospere!!!























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