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Circulo Interno ? Os Ensinamentos Secretos de Jesus

Atualizado: 16 de out. de 2020

Em artigo anterior falamos sobre a impossibilidade da existência de um “cristianismo esotérico” e deixamos claro que um dos objetivos de nosso blog é o de tratar, de maneira mais clara possível, sobre o que pode ser classificado como Esoterismo Cristão, de forma mais específica, conforme veiculado e formalizado por um sistema maçônico particular, o Regime Escocês Retificado.


Um de nossos leitores porém nos enviou uma mensagem (com alguns links de sites dedicados a análises esotéricas da vida e obra de Jesus para corroborar sua visão) que defendia a tese que a tradição cristã, iniciada por Nosso Senhor, teria em seus primórdios um círculo interno, estabelecido diretamente por Jesus Cristo, destinado a receber verdades que para a massa em geral seriam veladas. Tais verdades estariam reservadas unicamente aos “perfeitos” ou ainda aos que tinham sido “iniciados” nos “mistérios” de Jesus… e que isso , por si só, já caracterizaria o cristianismo primitivo como esotérico, dado que uma das faces do esoterismo é justamente conter em si "informação sagrada, mística e reservada” a uns poucos iniciados.


Ora, qualquer estudante maçom, em suas muitas pesquisas, certamente já se deparou em algum momento com teses desse tipo... Aqueles que as defendem, apoiam-se geralmente em alguns versículos (pequenos versos ou um parágrafo curto, com o qual pode-se subdividir o capítulo de um livro sagrado) em que Jesus fala às multidões por meio de parábolas, deixando o oculto e real sentido de cada uma delas reservado a posterior revelação dada, unicamente, a seus discípulos de forma particular. São inúmeros os exemplos de tais versículos (utilizados pelos articuladores de tais teses sem quaisquer análises criteriológicas mais profundas e/ou desprezando todo e qualquer conhecimento exegético anterior a respeito deles).


Nós, porém, nos limitaremos ao Evangelho de Mateus, Cap. 13 (que versa sobre a “Parábola do Semeador” e sobre a “Parábola do Joio e do Trigo”) para sustentar nossa posição a respeito do que nos foi proposto. Não vamos, nesse pequeno artigo, reproduzir as parábolas ou discutir seus significados, vamos nos concentrar no ponto que suscita o erro à imaginação dos apoiadores da ideia de que Jesus dispensava ensinamentos secretos a seus discípulos, mais especificamente trabalharemos com os vv 10 e 11:


"Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram: ‘Por que falas ao povo por parábolas?’ Ele respondeu: ‘A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não”.


Isoladamente, esses versículos podem realmente parecer uma sugestão de que havia um ensinamento, reservado para uns poucos, diferente do ensinamento direcionado ao restante do povo. Todavia, se o leitor se der ao trabalho de pegar a Bíblia e avançar, minimamente, na leitura do texto imediatamente se deparará com a seguinte proposição:


“A quem tem será dado, e este terá em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado.”.


“Por essa razão eu lhes falo por parábolas: ‘Porque vendo, eles não veem e, ouvindo, não ouvem nem entendem”.


E então, majestosamente, conclui Jesus:


“Neles se cumpre a profecia de Isaías:


‘Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão’.”


“Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos”.


“Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria’”


Ora, a única razão pela qual Jesus parece ‘restringir’ o significado de seu ensinamento ao povo é para que se cumpra a palavra do Profeta, isso dado a “insensibilidade do coração dos homens, a má vontade dos ouvidos e o fato de estarem com os olhos fechados para a verdade”.


E nem poderia ser diferente. Em Mateus 5:17-18 Jesus afirma: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir”. Logo, não é difícil concluir, que a razão para tal atitude não era “guardar segredos dignos de um grupo seleto” mas sim fazer valer a totalidade da Lei.


E veja que mesmo os Santos Apóstolos, ainda que sendo homens especiais, eram tão limitados em suas próprias fraquezas quanto os demais homens, a ponto de não conseguirem compreender com profundidade a mensagem de Nosso Senhor:


Mas eles não entendiam o que ele queria dizer e tinham receio de perguntar-lhe”. Marcos 9:32


“E eles nada disto entendiam, e esta palavra lhes era encoberta, não percebendo o que se lhes dizia”. Lucas 18:34


Além do mais, é necessário ter em mente algo muito simples e que, por si só, joga toda a teoria de ‘ensinamentos secretos’ por terra: É que não somente as parábolas de Jesus mas também as explicações, pretensamente secretas, sobre elas figuram juntas no Evangelho, bem como na pregação pública (o “kerigma”) sobre o qual o Evangelho foi escrito. E como todos sabemos, o Evangelho foi destinado a ser disseminado em todo o mundo e para todos os homens, conforme ordem direta de Nosso Senhor: “ide e ensinai todas as nações” - Mateus 28:19… “para que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” - 1 Timóteo 2:4.


Além disso, Jesus é extremamente claro a respeito do que pensa sobre a prática de “ocultar” ensinamentos: “Igualmente não se acende uma candeia para colocá-la debaixo de um cesto. Ao contrário, coloca-se no velador e, assim, ilumina a todos os que estão na casa”. Mateus 5:15 … Está mais do que claro aqui, que ELE não aceitaria esse tipo de coisa.


Não, não existe segredo esotérico nenhum nos ensinamentos de Jesus Cristo. Claro que algumas passagens bíblicas mostram-no orientando seus discípulos para que não divulgassem algumas de suas palavras bem como alguns de seus feitos milagrosos … Mas isso, por um período de tempo previamente definido: “... até que o Filho do homem ressuscite dentre os mortos”. Mateus 17:9.


Mas qual o motivo de tal recomendação ? Ora, a ressurreição era necessária para que os homens, assombrados pela herança adâmica da morte, abrissem seus olhos e seus corações para a compreensão daquilo que pareceria, sem ela, inconcebível. E vejam que essa “incredulidade” natural acometeu até mesmo alguns discípulos de Jesus que, em Emaús, mereceram a seguinte reprimenda: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?". Esse episódio porém, teve um final feliz: "Depois explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele”, e “Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus”.


E a mesma coisa se pode dizer sobre os ensinamentos que Jesus deu a seus discípulos durante os 40 dias que separaram a Ressurreição da Ascensão… Antes de finalmente subir aos Céus, era preciso , abrir a inteligência dos Apóstolos para entenderem as Escrituras, isto é, dar-lhes o carisma de compreenderem o verdadeiro significado das Escrituras e, acima de tudo, de enxergarem que a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor estavam já previstas no Texto Sagrado: "Assim é que está escrito", diz Ele, "e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia" (Lc 24, 46; cf., por exemplo, Is 53; Sl 15, 10; 21; At 2, 31; 13, 35).


Bom, encerramos por aqui. E que o bom Jesus conceda também a nós, maçons retificados, esta mesma inteligência que deu aos apóstolos, a fim de O encontrarmos verdadeiramente na profundidade e na clareza do Santo Evangelho, de forma direta e sem desvios … Lembremos do Venerável Mestre com a mão sobre o Santo Evangelho a dizer: “Meus Ir quando, para aperfeiçoar o Vosso trabalho buscardes a Luz que vos é necessária, lembrai-vos que ela se encontra no Oriente e que é aí e só aí que a podereis encontrar”


I.C.J.M.S.

Que Nossa Ordem Prospere !!!


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