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Jean Baptiste Willermoz - Visão Do Pós Morte e do Juízo Particular

Atualizado: 16 de out. de 2020

Já foi dito aqui no blog em postagem anterior que o Regime Retificado, integrado a Maçonaria Universal (admitindo pessoas de todos os credos religiosos sem nenhuma distinção) , comporta em suas fileiras maçons de todas as confissões religiosas, até porque a doutrina incorporada nos rituais do R.E.R e em sua simbologia, sendo profundamente cristã, reflete, acima de tudo, o anseio original pelo sagrado, que vem acompanhando toda a humanidade desde seu alvorecer, anseio esse onde, naturalmente, se inserem as mais diversas formas de crença.


Todavia o rito é essencialmente cristão … e cristão de fato. Coisa que é abordada com clareza desde o momento em que o profano faz seu juramento para tornar-se maçom.


O R.E.R. está impregnado sim de uma essência religiosa; e não é qualquer religião… é a religião revelada pelo evangelho, a religião do Cristo, o Verbo Encarnado, a religião cristã.


Ora, mergulhado nessa essência cristã e assumindo o caráter religioso que essa essência lhe impõe, o R.E.R. por meio de seus Pais Fundadores explicitou não apenas um plano para alcançar seus objetivos (reintegrar o homem) mas também posições teológicas claras acerca da origem, atual condição e destino do homem … E dentro dessa “trajetória humana” está presente a morte … e qual o destino da alma humana no pós morte ?


A Igreja ensina que após a morte, cada um de nós terá um encontro com Cristo, o chamado juízo particular, e que também haverá uma retribuição dada a cada um, pelo bem ou pelo mal que tiver feito.


A parábola do pobre Lázaro, as palavras de Cristo Jesus na cruz ao bom ladrão, e outras passagens bíblicas do Novo Testamento falam de um destino da alma que pode ser diferente para uma pessoa e para outra. Após o juízo particular, a alma humana pode ir diretamente para a glória de Deus, o céu; para o purgatório, para passar pela purificação; ou ainda, para o fogo eterno, o inferno, a total ausência de Deus.


E quanto ao R.E.R e seus fundadores ? o que teriam a dizer ?


Jean Baptiste Willermoz em uma carta magnífica dirigida a Jean de Turkheim demonstra acompanhar o pensamento Teológico Católico sobre a sorte do homem após os seus dias de miséria na terra e ressalta ainda o valor das missas, das boas obras e das orações pelos fiéis defuntos:


“Lyon, 5 de Julho de 1.821


Sua carta, meu querido amigo e bem amado irmão, datada de 9 de Junho, me faz esperar uma próxima, proporcionando-me o maior prazer e fazendo-me ver que apesar das diferenças de opinião que nos dividem sobre certos pontos, estamos muito próximos nos sentimentos sobre outros pontos mais essenciais sobre os quais nenhum de nós dois tínhamos pensado [...]


O homem terrestre, ao dar seu último suspiro, conhece instantaneamente seu juízo e é enviado nesse exato momento para o lugar onde, por decreto divino, este se deve executar.


Acima dos abismos infernais, desconhecidos e incompreensíveis para os mortais, aos quais se encontra ligado, mais estreitamente do que antes, a potência demoníaca depois da vitória de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a cruz, existem três locais de expiação criados pela união da justiça e da misericórdia divinas a qual denominamos purgatórios.


O primeiro e mais próximo dos abismos infernais é chamado “lugar de grandes penas e grandes sofrimentos”. Acima deste, existe outro, denominado “lugar expiatório do medo” onde a alma é submetida também a grandes sofrimentos e penas, porém de menor intensidade em relação ao outro onde a dor é excessiva. Acima do segundo existe um terceiro e último lugar de expiação denominado “lugar de pena e privação”.


Cada um desses três lugares se encontra dividido em dez graus que devem ser superados um a um para que se possa dali sair; em cada um desses graus o sofrimento expiatório é proporcional e vai diminuindo do primeiro grau mais abaixo até o décimo grau que está próximo a porta de saída.


Acima dos três locais de expiação existe um quarto local chamado “lugar de purificação e ação de graças”, dividido por sua vez em outras três partes, acima das quais fica localizado o lugar de “grande gozo e inteira beatitude”.


Medita atentamente, meu bem amado irmão, nessa incrível progressão das grandes misericórdias divinas que vem em nosso socorro até o momento da bondade perfeita! Anteriormente eu disse que as missas e as boas obras satisfatórias dos vivos aliviam os mortos para os quais elas se intencionam, mas não os libertam. Em que consiste portanto tais alívios ?


Ei-los aqui: O homem, mais ou menos culpado no momento de sua morte, é enviado pela justiça divina ao lugar de expiação no grau baixo ou elevado deste lugar para passar todo tempo que a justiça lhe impute até o momento de sair de lá.


As missas e as orações dos vivos podem elevar mais rapidamente a alma do morto do primeiro ao segundo grau de cada lugar onde se encontra a espera do fim do tempo fixado para ele nesse lugar, sendo assim liberado de tudo aquilo que deveria sofrer no processo de expiação em cada um desses graus inferiores ao que subiu. E assim da mesma forma para cada um dos lugares expiatórios. Não é tudo isso um grande alívio aplicado aos três lugares de expiação?”


Notas:


São ensinamentos oficiais da Igreja:

  • A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo. O Novo Testamento fala do juízo principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma também a retribuição, imediatamente depois da morte, de cada um em função de suas obras e de sua fé. A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão assim como outros textos do Novo Testamento, falam de um destino último da alma pode ser diferente para uns e outros.

  • Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre. No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor.


I.C.J.M.S. Que Nossa Ordem Prospere !!!



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