top of page
Foto do escritorPrimeiro Discípulo

Princípios do Regime Escocês Retificado: Ordem e Doutrina

Atualizado: 27 de out. de 2020

O Regime Escocês Retificado tem por característica, além da Essência da Retificação, ser um sistema original, praticado em quatro graus que formam uma Classe Simbólica que, uma vez percorrida, conduz à uma Ordem Interior de natureza cavaleiresca. O R.E.R. é, antes de qualquer outra coisa, o fiel depositário de um grupo de ensinamentos que Jean Baptiste Willermoz, um dos Pais Fundadores do regime, classificava como “doutrina”. Doutrina essa, sabiamente elaborada e oficialmente introduzida no Convento de Galias em 1778 e posteriormente confirmada no Convento de Wilhelmsbad em 1782.


Despido de tal doutrina, o Regime Retificado - que destaca-se no mundo maçônico justamente por causa dela - fica reduzido a uma casca vazia, uma superfície cujo núcleo foi arrancado, uma estrutura desprovida de substância, já que tal doutrina, que constitui o domínio da transmissão do ensinamento sagrado e imutável da Ordem Primitiva, define, em sua natureza, o mais profundo e o mais íntimo sentido do Regime Retificado: “Ordem por excelência, detentora dos conhecimentos precisos e secretos que derivaram-se da Religião Primitiva”.


Assim também, o maçom retificado que venha a se despir dessa doutrina, aderindo a um relativismo exagerado (esvaziador da sacralidade do conhecimento que lhe é transmitido), a um secularismo que reduza o valor do cristianismo a um conjunto de ensinos puramente morais (desprezando assim sua essência espiritual) ou ainda que venha a defender qualquer linha de raciocínio que reduza Jesus Cristo - Verbo Encarnado, Reparador dos Mundos, cuja ressurreição abriu as portas para a Retificação - à um personagem humano histórico envolto em tramas diversas mais ou menos embaralhadas, é ele mesmo como um “túmulo caiado” (Mt 23:27), como registra o primeiro artigo da Regra Maçônica: “O Evangelho é à base das nossas obrigações. Se não acreditasses nele, cessarias de ser Maçom....”. Ou seja: Não obstante o chapéu, a espada, o avental, a medalha ou, ainda, a pompa e circunstância de cargos ou títulos, por dentro, em seu âmago, nunca terá absorvido a razão de ser do rito, ficando reduzido a uma aparência externa…Willermoz nos avisou sobre isso por meio de uma carta deixada aos profanos que desejassem se unir a Ordem:


“A origem e o objetivo essencial desta instituição são muito antigas e extremamente pouco conhecidas, sendo muito maior o número daqueles que levam o título de maçom, porque a maioria se satisfaz com o superficial, mas pouquíssimos procuram o âmago das coisas. Alguns desejam adquirir este título apenas para procurar, sob seu véu, alguns divertimentos misteriosos e amizades que, quase sempre, são tão pouco profundas quanto o gosto que os une; outros o desejam para realizarem juntos uma beneficência louvável e honrosa, que é o objetivo ostensível e geral da sociedade; por último, outros puderam pensar que uma instituição cuja origem primitiva perde-se na noite dos séculos, não pudesse existir e ter resistido a todos os choques se não estivesse sustentada por um objetivo fundamental e essencial para os homens de toda classe, idade e nação, tomando um desenvolvimento mais elevado, de modo que enquanto alguns rastejam no vestíbulo do Edifício, outros flutuam em seu teto.” - Carta a Um Profano.

Pois bem, atualmente, a doutrina que nos foi confiada por uma legítima transmissão iniciática se encontra ameaçada, sofrendo não somente uma amenização (a ponto de ser mesmo esquecida e abandonada) mas sendo também distorcida, contraditada e, em alguns casos, completamente negada (isso surpreendentemente por maçons que deveriam erguê-la como a um estandarte).


Há vezes em que, dado seu espírito radicado no Cristianismo Transcendente, tal doutrina é negada sem rodeios, criticada sem pudores e - se dentro da sua ortodoxia original - tomada como uma espécie de “heresia maçônica” oposta ao reconhecimento de igualdade de religião e de pensamento que a maçonaria defende (nada poderia soar mais absurdo) … Irmãos, o Regime vai para além da maçonaria azul tendo dentro dela apenas três graus e seu sistema está em consonância TOTAL com as potências regulares, e por isso mesmo clama para si o DIREITO de professar-se como uma Ordem Cristã (ora se todas as religiões e toda forma de pensamento é válido porque constituiria erro ou escândalo professarmos nossa crença e nossa filosofia ?).


Logo, afirmamos com toda a alegria da alma: somos maçons cristãos e mesmo que o “espírito de nossos tempos” permita que nossas fileiras recebam irmãos de qualquer profissão de fé, ainda assim, somos guardiões dos dogmas centrais do cristianismo da mesma forma que o era nosso Pai Fundador que nos deixou como herança a seguinte diretiva: “Presta pois graças ao teu Redentor, prosterna-te perante o Verbo Encarnado e bendiz a Providência que te fez nascer entre os Cristãos. Professa em todos os lugares a divina religião de Cristo, e nunca te envergonhes por lhe pertencer”. - Extrato do Ritual de Aprendiz Maçom.


No Convento de Galias foi decretada uma lei que se converteria ela mesma no “princípio” do Regime Escocês Retificado: é a “Ordem”, considerada como base e fundamento espiritual - de natureza iniciática - e não outra estrutura obediencial qualquer, o que legitima a regularidade das lojas do R.E.R.: “as Lojas são meramente sociedades particulares, subordinadas à sociedade em geral, que lhes confiaram a responsabilidade e lhes dão existência e poderes para representá-los; que esta autoridade parcial emana do centro comum e geral da Ordem ... “ - Código Maçônico das Lojas Reunidas e Retificadas.


As preocupações que expomos acima constituem verdadeira ameaça para nossa cadeia de transmissão, voltemo-nos então pois para a história de nosso rito e para o cerne do pensamento Willermoziano, para a o espírito que animou a Reforma de Lyon, posta em marcha no Convento de Galias em 1778, confirmada em Wilhelmsad, e que resultou no retorno as origens da ordem, a iniciação e aos verdadeiros motivos pelos quais elas deveriam estar presentes na vida do homem de desejo. Estejamos sempre “de pé e a ordem” para cumprir o nosso dever, como membros ativos e sinceramente integrados ao Espírito da Reforma Lyonesa, de sermos os vigilantes protetores e guardiões desse mesmo espírito, com o fim de permitir que a luz eterna da Fênix possa continuar a se expandir e guiar todos os homens livres e de bons costumes que buscam as verdades celestes.


E, como cavaleiros por herança espiritual legítima, tomemos das palavras de São Bernardo de Claraval, ao conclamar os cruzados, o sentido espiritual que devemos aplicar a nossa realidade atual:

“ Logo, logo, se ninguém se opuser a seu furor eles cairão sobre a própria cidade do Deus vivo, derrubarão os monumentos sagrados de nossa Redenção, macularão os lugares santos que o Sangue do Cordeiro sem mancha outrora regou.
Já no seu ardor sacrílego eles estendem a mão para se apoderar, oh dor, do leito sobre o qual Aquele que nos deu a vida fechou os olhos por nós, nos braços da morte.
Então, generosos guerreiros, servidores da Cruz, abandonareis o Santo dos Santos aos cães e jogareis pérolas tão preciosas aos porcos?”

Maçons Retificados, Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, eis a hora de sermos provados no campo de batalha da fé: "Combatei o bom combate". I.C.J.M.S. Que Nossa Ordem Prospere !!!



Commentaires


Les commentaires ont été désactivés.
bottom of page