Na série de posts aos quais temos nos dedicado nesse blog estamos tentando tratar, da maneira mais clara possível, sobre o Esoterismo Cristão tal qual veiculado e formalizado por um sistema maçônico particular, o Regime Escocês Retificado. Não tratamos do assunto sob a ótica de nenhum outro sistema maçônico ou de qualquer escola filosófica / iniciática atual ou do passado (salvo em alguma referência que possa corroborar as teses aqui expostas).
Particularmente não somos contrários ou indiferentes a nenhuma posição assumida por quem quer que seja, apenas entendemos que a exclusividade do Blog é o Regime que nos foi legado por Jean Baptiste Willermoz e que abordar algo fora dele seria fugir dos propósitos aos quais nos lançamos.
Existem aqueles que, erroneamente, falam de um “Cristianismo Esotérico”, especulando sobre intercâmbios entre Jesus e os Essênios, criando fantasias mirabolantes (que exigem MUITA boa vontade para que lhe sejam dadas algum crédito) sobre as passagens menos conhecidas da vida de Jesus Cristo, chegando alguns a falar sobre iniciações de Jesus no Egito, na Índia e sei lá onde mais… Livros já foram escritos tentando ligar a pessoa de Jesus a tradições anteriores a Ele (fora da tradição judaica) onde teria recebido um “aprendizado oculto” que o teria capacitado a fazer tudo que fez. Todavia a maioria das tradições a que tentam ligá-lo são muito mais desconhecidas do que a própria vida de Jesus Cristo ou as bases que Ele lançou para fundar o cristianismo, ora, não podemos tentar explicar algo obscuro com algo mais obscuro ainda (embora os evangelhos não sejam obscuros em nenhum momento, sendo erro de interpretação a principal causa de que alguns os considerem como tal) tudo o que se consegue com esse tipo de abordagem é criar confusão - isso quando não caímos na profanação de transformar Jesus Cristo em um personagem humano histórico envolto em tramas diversas mais ou menos embaralhadas.
Não existe “cristianismo esotérico” mas sim “esoterismo cristão”. Não se trata aqui apenas de uma “inversão” de palavras pois afirmar a existência de um “cristianismo esotérico” seria afirmar que existem diferentes formas de cristianismo sendo uma delas esotérica. Tal afirmação não sobrevive a uma análise filosófica / histórica mais profunda que demonstra apenas a existência de diferentes tipos de hermenêutica que tomam rumos diversos (equivalentes porém entre si) a partir do mesmo ponto. Todavia, até mesmo um estudo menos aprofundado demonstra a existência de diferentes formas de esoterismo e um deles pode sim ser classificado como cristão.
O cristianismo não muda sua forma nem perde seus principais aspectos quando visto sob um prisma esotérico, podendo sim aprofundar-se, de certa forma, porém sem alterar-se em nada no que quer que seja. Já o esoterismo, sendo único em sua essência (filosofia perene, verdade metafísica una, supra-formal e transcendente ) varia nas distintas formas históricas que o expressam, sendo possível então existir um esoterismo judaico, um esoterismo islâmico, um esoterismo cristão, etc.
Em resumo, o esoterismo cristão é uma visão, uma intelecção do cristianismo ou, se preferirem, é uma ‘outra forma’ de viver, de portar-se, de estar consciente no “mundo do cristianismo”, um outro modo de ser cristão que mesmo sendo substancialmente diferente, ainda assim é legítimo. Não é superior, nem inferior a forma tradicional de ser cristão, sendo simplesmente “outro modo de sê-lo”.
I.C.J.M.S.
Que Nossa Ordem Prospere !!!
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