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Rito Escocês Retificado

Atualizado: 31 de out. de 2020

O Rito Escocês Retificado (RER) é um dos mais antigos ritos maçônicos do mundo e tem sido, desde sua gênese, sinônimo de regularidade (como demonstra um tratado de 1776 entre entre os Diretórios Escoceses de França e a então potência regular francesa, ou então a Loja “Union des Coeurs”, a Oriente de Genebra, que existe desde 1768 e é a mais antiga loja regular em funcionamento contínuo.)


Mas não obstante sua antiguidade e regularidade , o RER tem sido alvo de grande incompreensão dado sua complexidade e especificidade.


Apenas para situar um pouco a conversa , antes de entrar realmente na história do rito, vamos ter em mente (ao menos) o fato que o rito foi estruturado na França e na Alemanha do Século XVIII , onde o pano de fundo era por um lado o esoterismo gnóstico de cunho cabalístico, o pietismo e o idealismo filosófico que originaram o Romantismo Alemão e  por outro lado o protestantismo clássico e a simpatia pela filosofia racionalista do nominalismo. O rito nasce em meio a todas essas expressões de pensamento e assenta as suas bases na simbologia maçônica e cavaleiresca com a finalidade dupla de alcançar o objetivo primitivo da maçonaria (mergulhada na confusão) e realizar uma beneficência ativa e esclarecida.


Buscando colocar “ordem na casa” o RER nasceu para ser uma escola de Virtude e Sabedoria que conduz ao Templo da Verdade sob o véu dos símbolos , aqueles que a amam e a desejam.


Sua principal característica é pois , possuir uma cadeia de ensino moral / iniciático que “alavanca” o peticionário ao progresso. Este ensino esta baseado na doutrina cristã tradicional, que conduz o homem, que é uma imagem de Deus, a encontrar sua semelhança original com seu Criador. Isso é feito por meio do estudo dos símbolos, máximas e instruções morais legadas a nós pelo criador do rito, Jean Baptiste Willermoz. Para tanto , o Rito foi concentricamente arquiteturado em classes que permitem o aprofundamento gradual na doutrina que, ao final das classes, é perfeitamente comunicada ao peticionário, são essas classes a Maçônica , a Cavaleiresca e a Secreta (teoricamente não praticada em nossos dias).


Estrutura de Graus


atualmente, o RER esta estruturado em seis graus.


Na classe maçônica temos quatro graus simbólicos, a saber:

  • Aprendiz Maçom

  • Companheiro Maçom

  • Mestre Maçom

  • Mestre Escocês de Santo André.

Na classe Cavaleiresca que constitui a “Ordem Interior” temos dois graus:

  • Escudeiro Noviço

  • Cavaleiro Bem Feitor da Cidade Santa (CBCS)

E finalmente a Classe Secreta que teria mais dois graus:

  • Professo

  • Grande Professo.

Adequado as regras da Maçonaria Regular, os três primeiros graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre) são administrados por Potências Maçônicas Regulares no âmbito das lojas azuis,


Já o quarto grau (Mestre Escocês de Santo André) e os demais da Ordem Interior são administrados por Grandes Priorados sobre os quais trataremos em outro momento.


Os três primeiros graus (praticados nas lojas azuis) e o quarto grau (praticado nas lojas verdes) constituem o verdadeiro tesouro do rito, máxima expressão da Maçonaria cristã e da riqueza do pensamento ocidental.


Origens históricas e Doutrinais do RER


A Maçonaria Retificada nasce formalmente em junho de 1751 na Alemanha (quando foram erguidas as colunas da loja “Três Colunas” em Kittlitz), o RER, porém, foi sendo construído ao longo de vários anos, tendo seus termos finais sido definidos no Convento de Gálias em 1778 (cidade de Lyon) e no Convento de Wilhelmsbad em 1782.


Do ponto de vista formal, o Rito Escocês Retificado possui três fontes históricas e tres fontes de inspiração espiritual.


Vejamos isso mais de perto; quanto a estrutura e ao simbolismo (maçônicos e cavaleirescos) traçamos como sua origem:

  • A Estrita Observância: Também conhecida como “Estrita Observância Templária”, “Maçonaria Retificada” ou “Maçonaria Retificada de Dresden” (por se ter desenvolvido de início nessa zona da Alemanha). Era um sistema que defendia a restauração integral da Ordem do Templo, que resultou da transmissão em 1743, pelas casas nobres escocesas exiladas em França, da linhagem templária ao barão Karl von Hund.

  • A Maçonaria Francesa: Maçonaria praticada no Século XVIII, que resulta de fontes inglesas, tanto anteriores como posteriores ao conflito entre “Antigos” e “Modernos”.

  • A Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Cohen do Universo: Sistema ocultista assente em rituais teúrgicos, divulgado por Martinez de Pasqually, figura ainda hoje pouco conhecida, que alguns investigadores estimam ser de origem portuguesa.

E quanto às fontes de inspiração que diretamente “desenharam” sua doutrina podemos listar:

  • O Ethos Cavaleiresco: O Regime Escocês Retificado possui uma dupla qualidade, ser de natureza espiritual e cavaleiresca, essa dupla qualidade pode ser observada em outros ritos maçônicos, mas nunca de forma tão completa quanto no RER. Esse a demonstra no momento exato da armadura de um CBCS, que é implementada em “um mundo” que não é mais aquele do século XII ou do século XVII mas um mundo cuja natureza essencial se faz imutável por basear-se na pratica diária e universal das virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade. Isso é expresso nos deveres ao CBCS mas também é parte integrante da formação do maçom retificado desde seu tempo de aprendiz, tempo em que recebe a obrigação de defender a religião cristã , nunca afastar-se da justiça e praticar a beneficência para com todos, em especial aos mais pobres.

  • A doutrina esotérica de Martinez de Pasqually: Doutrina sobre a Origem, condição atual e o destino final do Homem e do Universo, que constitui uma síntese do pensamento gnóstico cabalístico judaico-cristão que impregnava o esoterismo dos séculos XVII / XVIII e do pensamento de Emmanuel Swedenborg, de Jacob Boheme e da Rosa-Cruz emergente nos séculos XVI e XVII (não confundir com o moderno Rosacrucianismo), apresentando ainda elementos neoplatônicos em sua composição. 

  • A tradição cristã primitiva e os ensinamentos dos Pais da Igreja: Como o próprio nome sugere, a tradição dos primeiros apóstolos e seus seguidores, sendo disso exemplo as obras de Orígenes de Alexandria.


Templarismo e RER


Embora tenha em sua origem histórica a Estrita Observância Templária (E.O.T.) e acumule em sua simbologia e estrutura alguns pontos em comum com o templarismo, o RER não pretende de nenhuma forma restaurar a Ordem do Templo ou conferir a seus membros falsos títulos de cavaleiros templários. Isso ficou bem definido no convento de Wihelmsbad em 1782, quando a designação de “Cavaleiro Templário” foi substituída por “Cavaleiro Bem Feitor da Cidade Santa” (CBCS). Podemos afirmar com toda segurança que isso não representou nenhuma perda para o RER pois o mesmo está inserido no mesmo Ethos iniciático que confere igual dignidade de princípios entre ele a as antigas ordens de cavalaria.


Natureza Ecumênica


O RER, integrado na Maçonaria Universal e ecumênica, admite em suas fileiras pessoas de todas as confissões religiosas, até porque a doutrina incorporada nos seus rituais e em sua simbologia, sendo profundamente cristã, reflete, acima de tudo, o anseio original pelo sagrado que vem acompanhando toda a humanidade desde seu alvorecer, anseio onde, naturalmente, se insere as mais diversas formas de crença.


Todavia é interessante notar que , no inicio, o RER abrigava em seu seio apenas membros de religiões de denominação cristã e de confissão trinitária.


Rito Retificado - Princípios e Propósitos

Para concluir, lembremos que o propósito do Regime Escocês Retificado ou Rito Escocês Retificado é manter e fortalecer na Ordem Interna e nas fileiras maçônicas os princípios nos quais se baseia:

  • Fidelidade a santa tradição cristã baseada na fé na Santíssima Trindade (demonstrada exaustivamente em sua simbologia).

  • O Apego aos princípios e a tradição, tanto maçônicos quanto cavaleirescos que compõe o regime e que culminam no aprofundamento do estudo da doutrina maçônica e do pensamento esotérico cristão ensinado na ordem, resultando em uma maior vivencia da fé cristã e seu caráter de doar-se ao bem do próximo e ao amor a divindade.

  • O aperfeiçoamento de si mesmo através da pratica das virtudes cristãs, a fim de superar as próprias paixões, corrigir as falhas e progredir no caminho da realização espiritual.

  • A prática constante de uma benevolência ativa e esclarecida em relação a todos os homens, qualquer que seja sua raça, nacionalidade, situação, religião, opiniões políticas e , ou , filosóficas.


I.C.J.M.S. Que nossa ordem prospere !!!


Fontes:


- Cerrato, Diego: Régimen Escocés Retificado: Documentos Fundacionales

- https://www.gllp.pt/node/34







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