Por Jean-Marc Vivenza
A coluna quebrada do grau de Aprendiz no RER, colocada no local correto e posta em evidencia na Loja, é uma herança simbólica da Estrita Observância, porem toma no Retificado uma dimensão incomparavelmente superior, convertendo-se no símbolo por excelência da “Queda” de Adão e recorda constantemente ao Irmão que este se encontra num estado de lamentável miséria, que é apenas um vestígio, das ruínas de um Templo que foi então glorioso.
Existe certa audácia semântica em conferir, ipso facto, a coluna truncada que procede da Estrita Observância, um caráter integramente martinista (ao relacionar, como se pode sustentar algumas vezes, algo apressadamente, dita coluna com as diferentes partes da figura universal de Martinez: terrestre, celeste, supra Celeste e imensidade divina), quando o obvio sentido, que lhe foi dado quando se criaram os rituais é com toda evidencia, para Willermoz, o de evocar os restos desmoronados de um edifício que convêm agora reconstruir e reedificar em sua totalidade, com a ajuda do Divino Reparador. Não obstante, se consideramos que o homem representa em si mesmo o conjunto do Grande Templo Universal danificado pela “Queda”, não é de todo errado autorizar-se a considerar que esta coluna é como uma imagem emblemática do homem que reproduz a imagem muito mais ampla do Templo Universal. “O corpo do homem é uma Loja, ou um templo, que é a repetição do Templo geral, particular e universal” (Lições de Lyon, nº 4, janeiro 1774). Por outro lado, Willermoz se declarava “depositário de alguns conhecimentos que podiam adaptar-se a maçonaria no caso de que lhe houvessem pertencido em sua origem”. Não obstante, como ressaltava Robert Amadou, “Willermoz inseriu estes conhecimentos por sucessivas e crescentes doses no ritual de graus da Estrita Observância Templária, aportando ao ritual o mínimo de correções que o conteúdo impunha. E certo que a Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa recorreu a formula da Estrita Observância Templária, mas estreitamente do que se supõe porem mudando seu espírito, substituindo a Doutrina da Reintegração de Martinez de Pasqually a ideologia Templária”. A análise de Robert Amadou coincide assim com nossa convicção a respeito da coluna quebrada e a tradução que convêm fazer dela para respeitar o sentido que quis conferir-lhe Willermoz e não exceder, por excesso de zelo, o valor exato e alcance pedagógico autêntico deste símbolo do primeiro grau do Retificado: “Exemplo: no primeiro grau, o quadro representa uma coluna quebrada, com a divisa adhuc stat QUE tem a seguinte interpretação na Estrita Observância Templária: a Ordem do Templo está decapitada, porem o tronco permanece. Se podem albergar esperanças. Para os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, se podem igualmente albergar esperanças, mas num sentido diferente: o homem esta caído, todavia possui o direito de viver em seu principio assim como os meios para retornar” (R. Amadou, Martinismo, p.21).
I.C.J.M.S.
Que Nossa Ordem Prospere !!!
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