top of page

Ciência Maçônica - A Ciência do Homem

  • Foto do escritor: Primeiro Discípulo
    Primeiro Discípulo
  • 11 de dez. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 15 de out. de 2020

Os maçons do século XVIII mostravam-se preocupados com a possibilidade da perda de sentido na maçonaria. Não estavam satisfeitos de ver a amada ordem ser nada mais que uma “sociedade de prazer” - expressão utilizada por Joseph de Maistre. Tentando formular seu próprio caminho, se dispunham a determinar “em que consiste, realmente, a ciência maçônica”, tal era o tema dos dois conventos que a Loja “Os amigos Reunidos” organizou - sem sucesso - em 1785 e 1787.


Dessa busca incessante, dá testemunho Jean Baptiste Willermoz:


“Por muito tempo os maçons estiveram dedicados a investigações infinitas para descobrir o verdadeiro objetivo da ordem” [...] ”Tenho trabalhado incansavelmente para descobri-lo no curso de mais de vinte anos de estudo e mantendo extensa correspondência particular com os irmãos mais instruídos da França e, mesmo, no exterior”.


Tais contatos o haviam conduzido a acumular, revelou certa vez, mais de setenta graus maçônicos… Por gosto de tê-los ? Em busca de “medalhas” (como diz uma brincadeira entre maçons aqui no Brasil) ? Sem dúvida que não.


Willermoz estava a procura de conhecimento para poder descobrir o “verdadeiro objetivo da Ordem”, a verdadeira “Ciência Maçônica” que sempre parecia ocultar-se e dissipar-se, desvanecendo-se como um fantasma todas as vezes que alguém pensava tê-la alcançado.


Mas suas buscas não foram vãs. Ele obteve a resposta à sua questão ao lado de Martinez de Pasqually (ao conhecer a Doutrina da Reintegração). Declarou Willermoz: “Eis a paz interior da alma, o bem mais precioso da humanidade, relativo a seu ser e a seu princípio”. Esta é a resposta que o Regime Escocês Retificado, arquitetado pelo mesmo Willermoz, nos propõe.


Mas o que então é esse objetivo ?


Joseph de Maistre em “Memórias ao Duque Brunswick” (1782) define: “O grande objetivo da maçonaria é a ciência do homem”.


Mas, afinal, o que isso quer dizer ?


Essa declaração pode parecer meio obscura em seu laconismo, mas dois excertos do pensamento de Jean Baptiste Willermoz e um de Louis Claude de Saint Martin (outro dos discípulos de Martinez) , são capazes de lançar luzes sobre ela:


O primeiro: “A maçonaria tem um objetivo universal, que a moral não pode alcançar. É verdade que a prática da sã moral e dos deveres em sociedade parecem ser o objetivo dos graus, mas essas virtudes não podem ser o objetivo real. Se fossem, para que teríamos a necessidade do uso dos emblemas (símbolos), dos mistérios e da iniciação ? O objetivo da maçonaria é esclarecer o homem sobre sua verdadeira natureza, sobre sua origem e sobre seu destino” - JBW


Depois: “ A Franco-Maçonaria quando bem meditada (pensada) , os convida sem cessar, por toda sorte de meios, a vossa natureza essencial. Ela busca, de forma constante, aproveitar todas as ocasiões para fazê-los conhecer a origem do homem, seu destino primitivo, sua queda, os males que resultaram em consequência dessa queda e os recursos que a bondade divina proporciona para que possam triunfar” - JBW


E por fim, Louis Claude de Saint Martin, em sua obra intitulada ‘Quadro Natural das Relações que existem entre Deus, o Homem e o Universo’, explica: “A palavra iniciar, em sua etimologia, quer dizer aproximar, unir ao princípio: a palavra ‘initium’ significa tanto principio como começo”. É assim porque o objetivo da iniciação é “anular a distância entre a luz e o homem, restaurando-o a seu estado original”

Podemos dizer que tudo se resume no título da obra de Martinez de Pasqually: “Tratado de Reintegração dos Seres Criados em suas Primitivas Propriedades, Virtudes e Poderes Espirituais Divinos”.


Falando de outro modo, a iniciação tem como razão de ser, restabelecer o homem ao seu ‘estado original’, estado em que ele era dotado de “propriedades, virtudes e potências espirituais divinas”, assimilando-o de alguma maneira a Deus (veremos em outro momento essa maneira).


Observem bem fragmentos de textos abaixo:


“Se o homem tivesse conservado a pureza de sua origem, a iniciação nunca teria sido necessária à ele, pois a verdade se ofereceria sem véus à seus olhos, já que ele nasceu para contemplá-la e para render-lhe um contínuo tributo. Mas depois que, infelizmente, ele caiu a uma região oposta a luz, é a própria verdade, ela mesma, que o submete ao trabalho da iniciação recusando-se as suas investigações (...)” - Instrução aos Professos.


“Assim o homem, que tudo poderia conhecer se nada o tivesse separado da verdade, se encontra submetido por seu próprio corpo a perceber somente as aparências sensíveis e ilusórias. Possui faculdades infinitas, mas se encontra privado dos meios que o permitiriam utilizá-las. Estando então, alijado de todos os seres verdadeiros do universo [...].” - Instrução aos Professos.


“[...] É difícil para aqueles que observam o homem não reconhecer, conforme as tradições religiosas, que ele não está alocado em seu ‘lugar natural’ e que as faculdades espirituais divinas que se manifestam nele deveriam exercer-se sobre os seres superiores a objetos materiais e sensíveis, sem os quais ele seria o mais inconcebível dos seres [...]” - Instrução aos Professos.


Essa foi a primeira vez que textos maçônicos (excetuando-se os de Martinez de Pasqually) traziam assuntos dessa natureza. Dizer tais coisas nos dias atuais - com a riqueza das fontes de pesquisa que temos a disposição - pode parecer algo banal… Mas no século XVIII, creiam, não era.


I.C.J.M.S.

Que Nossa Ordem Prospere !!!


Comments


Commenting on this post isn't available anymore. Contact the site owner for more info.
bottom of page