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Da Estrita Observância ao Rito Escocês Retificado - Quinta Parte - Parte Final

Atualizado: 16 de out. de 2020


Concluímos então, com essa postagem, a tradução do brilhante trabalho do Irmão Pierre Noel sobre o caminho percorrido da Estrita Observância até o Regime Retificado. Esperamos que os Maçons dedicados ao rito no Brasil encontrem na leitura desse texto a mesma alegria que encontramos durante as longas horas em que nos debruçamos sobre ele traduzindo-o com o único intuito de partilhá-lo com nossos irmãos de maçonaria e em Cristo.


Que as luzes aqui lançadas sirvam de guia para dissipar as trevas das tortuosas narrativas (frutos da supersticiosa visão de alguns irmãos em transfigurar o rito à semelhança de algumas seitas) que insistem em sobreviver em nossas oficinas, obscurecendo as pesquisas sérias e impedindo que tantos irmãos de boa vontade obtenham os verdadeiros frutos que o progresso na Ordem nos oferta.



Os Reordenamentos Depois de Wilhelmsbad



1. A Meia Verdade de Willermoz


O convento, longe de ter o êxito esperado, serviu na verdade para dar o toque final a vida da Estrita Observância. As lojas alemãs se opuseram a aceitação da reforma de Lyon e em sua maior parte regressaram a maçonaria inglesa ou simplesmente buscaram outros horizontes. Mas não é esse nosso assunto …


Os franceses, ao contrário, desejavam completar o trabalho começado. Na celebre carta que dirigiria a Charles de Hesse em 10 de outubro de 1810, Willermoz explica em termos cuidadosamente escolhidos que só revelam o que ele queria dizer a seu distante correspondente:


“Vossa Alteza se recorda, sem dúvida, que o tempo que os deputados do convento geral haviam acordado para duração dessa assembleia foi insuficiente para aperfeiçoar a multidão dos trabalhos projetados, ocupando-se então daqueles que eram mais importantes; e continuando em seguida limitando-se a esboçar a reforma dos graus simbólicos e os da Ordem Interior. O esboço dos três primeiros, considerados o suficiente para satisfazer a impaciência das lojas e capítulos, bem como para os fazer conhecer o verdadeiro espírito que havia dirigido esse trabalho, foi impresso e distribuído aos deputados. Uma comissão especial formada pelos irmãos de Auvérnia e de Borgonha, tidos como os mais instruídos, foi encarregada de fazer - de forma mais minuciosa - a revisão e a redação definitiva com a faculdade de se colocar em contato com irmãos de Lyon e Estrasburgo que julgassem mais capazes de ajudar (sic) a aperfeiçoar esse imenso e importante trabalho. A redação definitiva adotada pelas três grandes Províncias francesas e da Itália foi apresentada ao Eminente Grão Mestre Geral que a aprovou em 1789. Depois foram publicadas nos capítulos da França.” (Steel-Maret, 1893, p.6).


Mas isso era apenas metade da verdade. Segundo as moções, os graus azuis haviam sido finalizados em Wilhelmsbad, estando incompleto somente o quarto grau e os graus da Ordem Interior. Os Cavaleiros de Auvérnia e de Borgonha não fizeram parte de nenhuma comissão de rituais e Willermoz havia excedido as prerrogativas do mandato recebido continuando com o trabalho sobre os graus azuis. Então, Brunswick em 1787 aprovou a versão que o lionês lhe propôs mas jamais teve conhecimento da redação final dos graus, o que viria a ocorrer apenas no ano seguinte.


A versão oficializada pelo acordo, a posteriori, do Grande Mestre Geral e depositada nos arquivos da Biblioteca Municipal de Lyon sob o título de “Ritual Para o Regime da Franco-maçonaria Retificada Adotado no Convento Geral da Ordem em Wilhelmsbad em 1782”, todas as versões que surgiram posteriormente trazem a nota : “Adotado do Convento Geral” e apresentam na primeira página a seguinte anotação: “Originado dos graus maçônicos para os Arquivos do Diretório Geral de Lyon em julho de 1784... utilizados de 1783 a 1788”, mas 1788 foi suprimido e substituído por 1785 data que é a de uma revisão da qual voltaremos a falar; certificados por Milanois, foram sem dúvida utilizados até então (Ms 5922, Biblioteca de Lyon). Recentemente publicados (1987) não diferenciam daqueles adotados em Wilhelmsbad. Como eles, pretende acrescentar a religião cristã na primeira pergunta da Ordem. Quanto ao resto, a única modificação notável é o deslocamento do SE para NE da tripla chama do ocidente no terceiro grau.


Em 5 de maio de 1785, o Diretório de Auvérnia decidiu que o nome do Aprendiz agora seria Phaleg, após as revelações do “Agente Desconhecido”, sendo Tubalcain um metalúrgico, sua iniciação só poderia ser “impura”, O aprendiz deve ser despojado de seus metais. Phaleg, descendente de Sem, abençoado por Noé, foi "quem primeiro instituiu a Maçonaria e o primeiro a ter uma loja".


2. A Ultima Revisão (1787-1788)


A redação final dos rituais se deu entre novembro de 1787 e abril de 1788, tempo em que Louis-Claude de Saint Martin viveu em Lyon. Seria o “Filósofo Desconhecido” o inspirador da última revisão ? É possível, senão provável (não afirmo nada).


[Nota do Blog Primeiro Discípulo: Pierre Noel levanta um questionamento interessante que para nós, mantenedores desse blog, tem como resposta um sonoro NÃO. E qual motivo dessa convicção ? Simples, a análise da correspondência entre os pais fundadores do Regime Escocês Retificado (especialmente as cartas trocadas entre Jean Baptiste Willermoz e Charles de Hesse) que demonstram plena conformidade do pensamento destes com o ensino transmitido por meio das instruções do Rito. Todavia, vale a pena registrar que a cosmovisão de Pasqually pode ter sido sim (bem provável que o tenha) alvo de longas conversas entre Saint Martin e Willermoz antes que esse último tenha dado as últimas “pinceladas” no “quadro pintado” em Wilhelmsbad ].


Seja como for, a última versão dos Rituais Azuis enviada em 1802 ao Venerável Mestre Achard da loja “Tripla União” em Marselha (Ms FM 418, B.N. Paris) recebe uma impregnação da cosmovisão Martinezista que até aquele momento não fora atingida no R.E.R. e não há registro de que essas revisões finais tenham sido submetidas aos superiores alemães da ordem. Esses ritos, utilizados atualmente pela G.L.N.F , não podem ser tidos como decisões de Wilhelmsbad; as inovações neles sugeridas teriam certamente surpreendido os Delegados do Convento:


  • Os instrumentos (Esquadro, Nível e Prumo) completando o quadro do primeiro grau;

  • O introdutor acompanha o candidato durante suas viagens, junto com o segundo vigilante;

  • O candidato encontra no curso dessas viagens os “elementos” (melhor valeria dizer as “essências espirituais”): o fogo ao sul, água ao norte e terra no ocidente.


Esse episódio - das viagens e purificação pelos elementos - era desconhecido do Rito Filosófico Escocês e do Rito Francês praticado à época (Nesses últimos as provas de purificação foram introduzidos na mesma época mas seu significado é completamente diferente). No R.E.R. ele sai da cosmogonia de Martinez; para quem o caráter ternário da criação é um reflexo do Poder Triplo que governa o mundo: Pensamento, Vontade e Ação Divina, representado pelo candelabro de três braços no altar do oriente. Segundo Martinez o universo tem a forma de um triângulo, cuja ponta se volta para o ocidente, que tem cada um dos ângulos ocupados por um dos elementos fundamentais da matéria: Fogo ao Sul, Água ao Norte, Terra a Ocidente.



No grau de Aprendiz da Ordem dos Elus Cohen, os três elementos estão dispostos dessa forma ao redor do candidato deitado no chão com os pés voltados a Oriente e enrolado em três tapeçarias: uma preta, outra vermelha e outra branca, emblemas desses elementos (C.A Thory, 1812, pp.246-247). O Rito Retificado lembra aquela disposição e sublinha que o candidato percorre as três regiões em que se divide o mundo.


Os emblemas da Justiça (no oriente) e da Clemência (no ocidente), alusões à queda do primeiro homem e à condição do seu “reintegração” ao estado primordial são sucessivamente apresentadas ao recipiendário depois que este recebe “o primeiro raio de luz”.


No grau de Companheiro foram introduzidos a virtude do grau (a “Temperança”) e a rejeição dos metais (Prata, Bronze e Ferro) que marcam as três viagens do recipiendário, um uso sem precedentes na maçonaria do século XVIII. A instrução ainda explica que o número de viagens deveria ser cinco mas que o impetrante é poupado das últimas.


Questão: “O que haveis aprendido nas três viagens que haveis realizado ?”


Resposta: “Experimentei os vícios dos metais; mas, dócil aos conselhos do meu guia, deitei-os a meus pés, fora da cerca do Templo e obtive máximas salutares.”


Pergunta: “Quais eram esses metais ?”

Resposta: “Na minha primeira viagem encontrei a prata ao Norte; na segunda o bronze ao Meio Dia; e na terceira o ferro a Ocidente.”


Pergunta: “Porque te não fizeram experimentar o ouro que é o primeiro e o mais puro de todos os metais ?”


Resposta: “Porque estando o ouro a Oriente, nem os Aprendizes, nem os Companheiros o poderiam descobrir”.


Pergunta: “Porque não te fizeram conhecer os outros metais ?”


Resposta: “Não sei, porque fui dispensado das duas últimas viagens”.




Isso foi tomado de “empréstimo” do grau de Mestre Eleito, o quarto dos onze graus da hierarquia Cohen (R. Dachez, 1981, pp. 189-191). A prova que mais se destaca no ritual é um conjunto de cinco juramentos que o recipiendário deve prestar em cada um dos quatro pontos cardeais e depois no centro do templo. Cada um desses juramentos termina com a fórmula “abrenuncio” e com o ato de rechaçar uma peça de metal: chumbo a ocidente, ferro a norte, cobre ao meio-dia, ouro a oriente e prata ao centro. A ordem dos metais difere do Rito Retificado, mas a inspiração é inquestionável.


No terceiro grau, sem mudanças em geral, se vê a introdução da Virtude da Prudência que completa a enumeração das virtudes cardeais.


3. O Grau de Mestre Escocês de Santo André


Esse último, dito simbólico, não havia ainda sido incluído por Willermoz até o ano de 1809, quando já estava com 79 anos e muito solitário:


“Anteriormente anunciei a Vossa Alteza, que o trabalho de redação para terminar o quarto grau foi em 1789 … forçosamente suspenso. Vinte anos se passaram, mas no ano passado depois da grande enfermidade que me afetou, vendo que estava praticamente só eu restava de todos aqueles que participaram na obra, assustei-me por perceber o perigo que corria e senti vivamente as consequências desagradáveis que se dariam caso essa lacuna no Regime Retificado não fosse preenchida antes de minha morte, assim comprometo-me a fazer isso” (em Steel-Maret, 1893, pp. 12-13).


Nessa carta dirigida a Charles de Hesse, o Patriarca Liones recordava que o Convento não havia lançado, senão, as bases para o quarto grau, com o quadro da Nova Jerusalém e do Monte Sião tendo o Cordeiro Triunfante em seu cume. Por outro lado, abstém-se de relatar que os “discursos” e a “introdução final” são obras inteiras de suas mãos e que constituem uma introdução à doutrina de Martinez e um excelente prelúdio aos ensinamentos da (Grande) Profissão, que nunca foi prevista (planejada), e com razão, pelos Deputados do Convento… De fato, esses textos explicitaram, por fim, a filiação espiritual do conjunto total da obra.


[Nota do Blog Primeiro Discípulo: Pontue-se aqui, mais uma vez, que ao falar sobre a doutrina de Pasqually devemos levar em conta que, no Regime Retificado, ela foi corrigida de seus muitos erros cristológicos e trinitários].


O grau em si, não se afasta muito dos rascunhos de Wilhelmsbad. O quarto quadro e sua evocação do Apocalipse, e a referência a Santo André parecem muito apropriadas a um grau de transição que “figura a passagem do Antigo Testamento ao Novo Testamento”. Não há nada novo aqui e para o próprio rascunho do Convento Willermoz não teve que se apoiar em nada além de suas memórias: O último grau do Capítulo dos Cavaleiros da Águia Negra não era, em 1761, o “Cavaleiro de Santo André” (A. Joly, 1938, p.9). Quanto a Nova Jerusalém, aparece no grau de “Sublime Escocês” (provável fonte do décimo nono grau do R.E.A.A.) que tinha por tema “uma montanha elevada onde havia um povoado quadrado (sic) com doze portas” (carta de Meunier de Précourt, 1761, em Steel-Maret, 1893, p.75). Tais desenvolvimentos permitiriam a Willermoz afirmar que “A Ordem é Cristã, deve sê-lo e não pode ser admitido em seu seio somente cristãos ou homens livres dispostos a sê-lo de boa fé”.


A instrução era também a ocasião de transmitir definições cujo o estilo e a concepção pareciam tiradas dos catecismos em uso na Diocese de Lyon à época (J. Granger, 1978, em "La Franc-Maçonnerie Chrétienne et templière des Prieurés Ecossais Rectifiés", 1982) [...]


O patronato de Santo André permitiu também completar a medalha do grau. Até então não tinha mais que uma face com o duplo triângulo e a inicial do nome de Hiram, como mostra a medalha de Mestre Escocês de Willermoz conservada na Biblioteca Municipal de Lyon. Desde a revisão final apresenta em seu reverso o martírio do apóstolo sobre a cruz “em sotuer” que leva seu nome.


4. Epilogo


Teria Willermoz visto seu ritual ser executado na íntegra ?


Duvidamos que o tenha. O Rito Retificado nunca se recuperou dos eventos revolucionários que viram o desaparecimento das instituições fundadas antes de 1789. É verdade que algumas lojas mantiveram a chama, em Marselha, Avignon, Paris e especialmente Besançon, mas sua existência foi efêmera ou esporádica. Cambacéres, chefe da Maçonaria francesa sob o Império, aceita ser Mestre do Rito em 1809 mas isso foi apenas um gesto formal. Willermoz enviou à Prefeitura de Neustria (Paris) cadernos e rituais em 1808 que não sobreviveram ao seu envio. Quando morreu, em 29 de maio de 1824, não restavam mais que o Grande Priorado de Helvécia, fundado em 1785 e o de Borgonha, reconstituído em Besançon em 1817, todos pertencentes à Quinta Província.


[...]


5. Conclusões


O meu relato detém-se aqui porque as mudanças feitas posteriormente, remetem a evolução ideológica e obediencial dos séculos XIX e XX [...]


Os rituais do Rito Escocês Retificado foram elaborados em torno de vinte e quatro anos, de 1775 a 1809. Anos que viram um intenso trabalho e um estabelecimento laborioso. Pode-se distinguir quatro etapas essenciais: os rituais de Lyon, aqueles de Wilhelmsbad, a versão “curta” de 1785, a versão “longa “de 1788, esta última caracterizada por uma impregnação martinezista que culminaria com o ritual de 1809.

A mente de um só homem, Willermoz, deu a toda essa empresa uma coerência capaz de fazer inveja aos demais ritos maçônicos. Convencido de que a Maçonaria devia ensinar as “verdades essenciais”, encontra-as, ou crê encontrá-las, nos ensinamentos de Martínez de Pasqually; instruído, nunca cessou de impregnar a instituição maçônica desse martinezismo, alusivo nos graus azuis, aparente nos discursos de instrução final do grau quatro, confesso nas Instruções secretas da profissão.


[...] Pierre Noel



I.C.J.M.S

Que Nossa Ordem Prospere !!!!


Fontes


  • Pierre NOEL. Guide des maçons Ecossais

  • Pierre NOEL. La Réforme de Lyon.

  • Pierre NOEL. Les remaniements d'après Wilhelmsbad.

  • https://www.fm-fr.org/

  • Bernheim A. (1998) : « La Stricte Observance". Acta Macionica 8 :67-97.

  • Charrière L. (1938) :"Le Régime Ecossais Rectifié et le Grand Orient de France. Notice historique: 1776-1938".

  • Dachez R. (1981) : "Les premiers grades Coens. A propos d'un grade d'Elu (4° grade)". Renaissance Traditionnelle 71: 161-192)

  • Dachez R. et R.Désaguliers (1989-1990) : "Essai sur la chronologie des rituels du Rite Ecossais Rectifié pour les grades symboliques jusqu'en 1809." Renaissance Traditionnelle 80:286-316; 81:1-56

  • Désaguliers R. (1983) :"De la loge-mère de Marseille à la "Vertu Persécutée" d'Avignon et au "Contrat Social." Renaissance Traditionnelle 54-55:88-101.

  • Feddersen K.C.F. (1982) : "Die Arbeidstafel in der Freimaurerei". Quatuor Coronati n°808 Bayreuth Granger J. (Eques a Rosa Mystica) (1986) : "La franc-maçonnerie chrétienne et templière des Prieurés Ecossais Rectifiés". Paris

  • Joly A. (1938) : "Un mystique lyonnais et les secrets de la franc-maçonnerie. Jean-Baptiste Willermoz. 1730-1824."

  • Mazet E.(1985) : "Les Actes du Convent des Gaules". Travaux de la loge nationale de recherches "Villard de Honnecourt" 2°série, 11:57-106.

  • "Minutes des Protocoles français tenus à l'assemblée du Convent Général de Wilhelmsbad en 1782 avec recès original du Convent en langue française et annexes aux protocoles" (deux volumes) Circulation privée.

  • Noël P. (1993) : "Genèse et devenir du Rite Français dit Moderne". Acta Masonica 3:37-76,

  • Noël P. (1998). « De Stocholm à Lyon. D'un rituel suédois et de l'usage qu'en fit J.B.Willermoz ». Acta Macionica 8 :99-150.

  • Steel-Maret E. (1893) : "Archives secrètes de la franc-maçonnerie". Lyon. Rééd. Slatkine, Paris-Genève, 1985.

  • Thory C.A. (1812) : "Histoire de la fondation du Grand Orient de France". Rééd. 1981

  • Van Rijnberck G. (1935-1938) : "Un thaumaturge au XVIII° siècle. Martinez de Pasqually, sa vie, son oeuvre, son Ordre". Deux volumes

  • Van Rijnberck G. (1948) : "Episodes de la vie ésotérique. 1780-1824"

  • Var J.F. (1991) : "La Stricte Observance". Travaux de la loge nationale de recherches "Villard de Honnecourt" 2°série, 23:15-122

  • Verval G. (1987) : "La spécificité du Rite Ecossais rectifié"



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