top of page
Foto do escritorPrimeiro Discípulo

Jean Baptiste Willermoz na França Após o Convento de Wilhelmsbad - Parte I


Extraído do livro "Un Místico Lyonés y los secretos de la Francmasonería, Jean Baptiste Willermoz (1730-1824)", de Alice Joly, Edições Télètes, Paris, 1986. Reprodução integral da edição Mâcon de 1938.


Proselitismo em favor do sistema secreto de Charles de Hesse - Contas prestadas das operações de Wilhelmsbad - Regra maçônica ao uso das Lojas Reunidas e Retificadas - A oposição dos Filaletas - Insolência do marquês de Chefdebien - Distúrbios nos meios Cohen de Paris - Saint-Martin critica as variações de Willermoz


Os primeiros passos de Jean Baptiste Willermoz em seu retorno à França mostram seu otimismo e sua subserviente vontade de colaborar com os príncipes alemães, cujos favores e amizade lhe eram tão caros. Ao passar por Estrasburgo, ele concedeu a Saltzman e Durkheim o grau de Aprendiz no sistema Gottorp e fez a leitura do catecismo em uma sessão do diretório de Borgonha[1]. Em Lyon, ele continuou seus esforços como prosélito. Sete ou oito de seus discípulos, escolhidos entre os Grandes Professos, também receberam este primeiro grau. O irmão Giraud, que estava lá, também participou desses favores e retornou à Itália com documentos que lhe permitiram beneficiar seus compatriotas com este novo sistema.


[Nota do Blog Primeiro Discípulo: o Chanceler de Lyon recebeu muitas e muitas provas de amizade dos príncipes alemães que lideravam a Ordem Retificada. A última foi sua iniciação no sistema secreto de GOTTORP. Charles de Hesse ensinou ali, segundo seus princípios pessoais, uma doutrina esotérica proveniente das teorias de WAECHTER e HAUGWITZ. Curiosamente o conde ostentava o título de PAPA em uma pequena igreja secreta. Willermoz voltou então a França encarregado dos catecismos dos primeiros graus de GOTTORP, com a missão de divulgá-los a alguns Irmãos escolhidos da França e da Itália. Interessante pontuar que Willermoz, que fora divulgar um sistema, acaba por retornar como "apóstolo" de outro.]


Em Lyon, ele continuou seus esforços como prosélito. Sete ou oito de seus discípulos, escolhidos entre os Grandes Professos, também receberam este primeiro grau. O irmão Giraud, que estava lá, também foi escolhido e retornou à Itália com documentos que lhe permitiram beneficiar seus compatriotas com este novo sistema[2]. Em 30 de dezembro Willermoz ainda propôs três candidatos ao segundo grau, eram eles o Cavaleiro de Grainville, M. de Bory “ex-comandante do rei” e seu sobrinho Jean Provensal, garantia-lhes o mérito e o elevado grau de instrução mística[3] pelo enorme aprendizado que já possuíam nos círculos Cohen.


Willermoz fizera a propaganda acerca desse sistema somente entre os mais instruídos de seus amigos. Os critérios de escolha se deram muito mais por complacência para com o Sereníssimo irmão a Leone Resurgente do que por zelo. Naquela época o principal desejo do Chanceler de Lyon era explorar a notoriedade do Convento de Wihelmsbad a fim de fortalecer os fundamentos da Ordem Retificada, buscando para ela o brilho e prosperidade que lhe faltavam.


A reunião geral da Ordem não havia adicionado nada de novo para os Cavaleiros da Cidade Santa. Além de disposições contraditórias e planos inacabados, faltava, portanto, inicialmente traçar um retrato do Convento que corrigisse a realidade, com o objetivo de tornar os presentes discípulos, assim como os futuros, um objeto de edificação. Uma circular oficial, datada de 8 de dezembro de 1782[4], foi enviada às lojas sob a incumbência da Província de Auvernia. Ao ler esse relatório, tinha-se a impressão de um bom acordo, a emulação por um objetivo único e unanimemente compartilhado, havia sido o único sentimento que inspirara os delegados de Wilhelmsbad; também podia-se imaginar que o objetivo proposto era reunir todos os francos-maçons em uma única sociedade, concordando sobre seus princípios comuns; finalmente, que uma das decisões mais importantes, se não a mais importante, foi a de manutenir para Ferdinand de Brunswick o título de Grão-Mestre-Geral. Mas, deixando de lado as belas frases da circular do Diretório de Lyon, a que se poderia dar crédito acerca das conquistas do Convento? Teria o convento encontrado a verdade primitiva da Maçonaria “ao colocar-se em meio aos sistemas” depois de ter examinado TODOS os tipos de rituais, regimes e sistemas praticados por TODAS as nações? Não se insinuava que foi após imensas análises sem partidarismo e imensas buscas que foram compostos os graus simbólicos e a Regra maçônica promulgados em Wilhelmsbad? Também é importante notar que, embora a carta de 8 de dezembro alertasse os Irmãos para que sancionassem os trabalhos do Convento, ela dava a esse direito apenas um sentido restrito, aplicável apenas ao futuro código de administração. J.B. Willermoz não era um homem que deixaria imprudentemente colocar em questão as doutrinas que impusera aos seus Cavaleiros Benfeitores, tendo conseguido que todos os maçons retificados da Alemanha os aceitassem.


A ratificação das Atas de Wilhelmsbad deveria teoricamente ser realizada no Inverno de São João de 1783. Mas nesse momento não ocorreu nenhum Capítulo na França ou na Alemanha. Os votos - se é que votaram - ocorreram muito mais tarde, e isso por múltiplas razões, sendo uma das principais o fato de que o famoso código de administração da Franco-Maçonaria Retificada ainda não estava pronto para ser promulgado. Foi para suprir este atraso que Willermoz se esforçou para colocar em prática algumas modificações, que já havia mencionado nas sessões. Nelas ele corrigirá e riscará o próprio código maçônico, que havia sido impresso em 1779, após a reunião de Lyon[5]. As reformas introduzidas eram de pouca importância. A supressão do Diretório Nacional da França e algumas mudanças de nomes; tais eram os resultados da reorganização anunciada. Foi assim que os Diretórios Escoceses se transformaram em Diretórios Provinciais, e que as Grandes Lojas Escocesas, que eram autorizadas apenas a conferir os graus superiores ao quarto grau, passaram a se chamar Regências.


A promulgação da "Regra maçônica ao uso das Lojas Reunidas e Retificadas, estabelecida no Convento geral de Wilhelmsbad" trouxe mais mudanças. O Chanceler de Lyon havia anunciado em sua circular que, de acordo com as decisões tomadas, uma regra em alemão e francês seria publicada para ser encaminhada ao Aprendiz desde o momento de sua entrada na Ordem Rectificada, com o objetivo de que ele não ignorasse seus deveres e o objetivo da sociedade. Era anunciado para mais tarde um comentário de instrução à Regra.


O Convento havia tentado promulgar, tão oficialmente quanto dizia Willermoz, essa regra e impô-la como um documento fundamental? De qualquer forma, no meio de todas as moções e discussões, onde o partido dos místicos tinha vantagem, a coisa foi muito discreta. O Chanceler de Lyon entendia se valer da autoridade de Wilhelmsbad para conseguir que um documento que continha o essencial de sua fé fosse aceito. Acreditamos sinceramente que ele foi o autor dessa instrução, mas ele próprio especificou que o mérito pertencia ao Chanceler a Flumine[6].


A Regra continha nove artigos, divididos em alguns parágrafos, definindo de forma sucinta o motivo de existência da Maçonaria e os deveres dos franco-maçons. Não se encontra mais do que os habituais princípios espiritualistas herdados dos Élus Cohen, bem como a mesma esperança final de regeneração, de poder e de felicidade infinita. A novidade desse documento reside na clareza e no fato de ser encaminhado ao candidato desde sua entrada na sociedade, e não depois de um período de teste, na porta de uma classe secreta. Era desde os primeiros passos no Arte Real que o Aprendiz podia meditar essas palavras reveladoras, essas promessas maravilhosas: "você recuperará essa semelhança divina, que fazia parte do homem em seu estado de inocência, que é o objetivo do cristianismo... Você se tornará a criatura amada do céu... sempre livre, feliz e estável, passará por esta terra como os reis, beneficiando os homens e sendo modelo para seus irmãos". Alguns discursos ocasionais, proferidos em "La Beneficencia" em Lyon em 1782 e 1783[7], mostravam muito bem a coragem que Willermoz recebido na Alemanha, autorizando-o a começar a partir dos graus simbólicos seus ensinamentos místicas e declará-la mais abertamente do que havia feito até então, pois considerava a franco-Maçonaria como "um presente que a Divindade enviou aos mortais fracos, para guardá-los na difícil jornada da vida"[8]. Os princípios de Wilhelmsbad eram interpretados de forma livre e Willermoz esboçou uma reorganização de sua Ordem, tanto em seus graus simbólicos quanto em seus graus mais elevados e mais secretos; como uma nova tentativa de atender à imagem evanescente e mutável da verdadeira Maçonaria. Dessa vez, é provável que seus esforços em direção a esse ideal inalcançável não tenham sido capazes de se desenvolver no ambiente discreto dos círculos de seus discípulos e amigos. O barulho feito entre os Irmãos da França e da Alemanha foi considerável no pequeno universo dos maçons para que a personalidade do Chanceler de Lyon, suas doutrinas e intenções, pudessem permanecer a salvo de comentários no futuro.


É um fato que o ambiente dos ocultistas franceses estava profundamente dividido no início de 1783 e que Willermoz foi a causa dessas intrigas, discussões e desavenças. Franco-Maçons e hermetistas finalmente perceberam a maneira invasora de agir do lyones e como esse estava lentamente tomando lugar no mundo dos iniciantes nas ciências ocultas. Eles toleravam mal sua inocente autoconfiança, que o fazia confundir seus próprios temas com o triunfo da verdade; eles presumiam que seu desejo de unificar a Maçonaria escondia a pretensão de levar todos os maçons para seu próprio sistema. Em seu zelo pela Ordem, só se via a prova de um caráter autoritário e ávido por dominação. Ele foi acusado de hipocrisia. Sua vaidade foi ridicularizada, apesar de seus amigos argumentarem sua boa fé e amor sincero pelo bem.


[Nota do Blog Primeiro Discípulo: A reação dos ocultistas franceses contra Willermoz não porta nenhuma anormalidade; Willermoz se declarava como detentor de uma verdade ímpar e que somente em seu sistema poderia ser partilhada, sua forma de fazer maçonaria era (a seu entender) a única verdadeira e todas as demais eram fruto de erros ou de embuste. Nos meios maçônicos atuais ele encontraria certamente fortíssima oposição e facilmente seria taxado de fanatico, charlatão, sectário, entre outros.]


O marquês de Chefdebien foi um dos primeiros a espalhar falatórios venenosos sobre Willermoz. Ao voltar de Wilhelmsbad acompanhado do austríaco Kolowrat, os dois criticaram em meios maçônicos em Paris o trabalho realizado no Convento Geral. O Irmão Capite Galeato estava cheio de rancor. Não conseguira cumprir na Alemanha a missão que lhe fora confiada por Savalette de Lange, pois em todos os pontos, Willermoz havia contra-atacado seus esforços. A lembrança de seus ecos o prejudicava como se fosse uma ofensa pessoal. Não teve problema em levantar a indignação nos meios filaletas, onde o enviado atacou por muito tempo o círculo dos lyoneses. Ele se exaltava ao pensar que os avanços realizados pela loja "Amigos Reunidos" em Paris haviam sido rejeitados nas últimas sessões do Convento de Wilhelmsbad, enquanto os votos favoráveis consagraram o sistema dos Cavaleiros Benfeitores como o modelo de toda verdadeira maçonaria.


Esta decisão lhe parecia ainda mais inaceitável porque o Chanceler ab Eremo era um deles, pois desde 1778 pertencia, a título de associado livre, à classe XII dos "Amigos Reunidos". Esse mesmo título dava a Savalette de Lange autoridade sobre ele, permitindo um início de represálias. Em 8 de outubro de 1782[9], os Filaletas reuniram suas queixas contra J.B. Willermoz em quatro pontos de acusação e enviaram-lhe uma carta ameaçadora para obrigá-lo a renunciar a seus cargos.


Ab Eremo, rapidamente conheceu as razões escondidas da oposição que o ameaçava [10]. Ele tinha muitos amigos em Paris para não receber os ecos do que estava sendo tramado contra ele. Ele tomou a notícia de forma trágica. Tudo o que poderia atacar sua obra ou incriminar sua pessoa parecia de extrema importância para ele; ele se sentiu perseguido e se atreveu a comparar seus problemas a um dos momentos da Paixão de Cristo [11]. No entanto, ele não era o tipo de pessoa para ficar muito tempo como vítima impassível e resignada.


No dia 27 de novembro, ele enviou uma resposta para Court de Gebelin, feita para explicar e justificar o papel que desempenhara em Wilhelmsbad. Os Filaletas não consideraram o envio recebido e passaram dois meses sem responder. Em 28 de janeiro de 1783, sem esperar mais, Willermoz emitiu uma nota, desta vez para Tassing de Lestang [12]. Ele se dirigiu mais ao amigo do que ao Filaleta, solicitando de alguma forma se suas justificações haviam sido aceitas. Ele ameaçou enviar a cada membro da loja parisiense uma cópia de sua defesa, pois tinha certeza na força de seus argumentos e não concordava em ser condenado sem ter se defendido. No entanto, no mês seguinte, seu ardor de combate parecia ter se apagado. Ele declarou renunciar a qualquer reparação e só desejava não mais tratar com os Filaletas [13]. Sua carta de renúncia e desdém trouxe uma resposta insolente de Savalette, datada em 4 de março [14], onde especificava que não desejava mais nada de Willermoz, a não ser sua demissão. Ele também zombava das pretensões de Willermoz de querer "dominar os outros na Europa". Willermoz, por sua vez, deixando de lado essa polêmica ácida, ficou satisfeito em fazer chegar sua justificação aos amigos de confiança que, como Saltzmann e Tieman, poderiam tomar partido por ele e defender sua reputação com todo o conhecimento de causa.


No entanto, Savalette não se desarmou. Ele tentou contornar o duque de Havre de Croy, propondo unir em Paris "A Beneficência" com "Os Amigos Reunidos"; no entanto, o Grão-Mestre Provincial de Auvernia percebeu perfeitamente os inconvenientes de tal aliança [15]. Em junho de 1783, Millanois, passando pela capital, foi objeto de manifestações de amizade, confiando-lhe determinados boatos pelos quais Savalette pretendia denegrir o Convento de Wilhelmsbad e a influência dos príncipes alemães; no entanto, ele propunha, sem consciência, contribuir para o desenvolvimento da Estrita Observância em Paris, com o objetivo de confiar a ele sua direção. Tal incoerência de conduta em um homem que, por outro lado, nunca escondeu uma vida bastante relaxada e que ostentava com muito gosto suas aventuras, permitiu a Willermoz se consolar com bastante facilidade de sua ruptura.


Chefdebien, por sua conta, havia aproveitado sua passagem por Lyon para tratar o Chanceler ab Eremo com a maior insolência possível, sob o pretexto de se livrar de sua responsabilidade pelas decisões tomadas entre "Os Amigos Reunidos" em Paris. Willermoz considerou oportuno censurar veementemente essa abordagem inapropriada [16], o que lhe custou uma carta "cheia de ironia, sarcasmo e injúrias", a qual ele opôs com 24 páginas de explicações circunstanciais em 12 de junho [17]. Suas desculpas e demonstrações visam a expor que não tinha perseguido em Wilhelmsbad nenhum desejo premeditado e, sobretudo, que nunca foi o seu sistema particular que o Convento havia adotado, mas sim a verdade encontrada nos rituais mais antigos. Com a mesma explicação, ele também se esforçava para se limpar da acusação de ter querido manter as lojas de Paris sob sua dependência. Não se sabe se Chefdebien continuou a polêmica. Ele não tinha boa fé pessoalmente e já estava planejando fundar um regime maçônico em Narbona por conta própria com a ajuda de empréstimos das doutrinas de Willermoz e das lendas da Ordem Rectificada[18]. Ele não quis manter relações com o círculo bem informado dos Grandes Professos de Lyon.


De qualquer maneira, os Filaletas guardaram por muito tempo sua prevenção contra J.B. Willermoz. Savalette planejava eclipsar o prestígio da Ordem Rectificada e do Convento de Wilhelmsbad. Ele se meteu no jogo e tentou reunir um Convento geral de todos os maçons místicos que consagraria o triunfo dos Filaletas, a prova de sua ciência, de seu ecletismo e de seu amor pela verdade. Durante o ano de 1784, convocações[19] foram enviadas para todos os tipos de personagens, de seitas e de nacionalidades diversas, herméticos, ocultistas, místicos ou charlatões; apenas Jean-Babtiste Willermoz foi excluído.


Em um círculo que tocava ainda mais o Chanceler da Província de Auvernia, outros adversários levavam campanhas virulentas contra ele. Isso é o que se desprende de uma carta escrita por Saint-Martin em 10 de fevereiro de 1783[20]. Parece que algumas pessoas haviam imaginado admitir entre elas alguns dos inimigos de Willermoz com o objetivo de resistir melhor a sua influência e combater seus projetos. Onde essas recepções escandalosas eram realizadas? Na "Beneficência" em Paris? Em um Templo Cohen? Ou nessa pequena escola que Saint-Martin se propôs a criar? Não sabemos. No entanto, como Saint-Martin estava envolvido nessas recepções e se sentia obrigado a presidi-las, trata-se sem dúvida de uma reunião de discípulos de Pasqually[21]. Os Cohen, certamente, tinham boas razões para não tolerar as liberdades que o Mestre Willermoz tomava com sua doutrina. O proselitismo em favor de opiniões particulares ao sistema de Gottorp e aos pietistas alemães poderia desagradá-los.


Isso é mera hipótese. O que é certo é que Willermoz chamou Saint-Martin em sua ajuda, acrescentando-lhe a tarefa de defender sua pessoa e sua obra, o que o Filósofo Desconhecido recusou. Depois de muitas explicações circunstanciais, ele recusou o papel de defensor que seu amigo lhe solicitava. A insistência em fazê-lo tomar partido teve como único resultado romper o compromisso de silêncio que ele rigorosamente mantinha há tantos anos nesse pacto de benevolência, que só era observado em consideração aos bons serviços prestados pelo outro, sempre por amor à sua própria tranquilidade e pelo lembrança de seu aprendizado místico comum.


Claude de Saint-Martin condenou severamente as variações de seu amigo. Como em 1775, ele então se sentiu obrigado a expressar claramente os motivos de sua desaprovação. Embora tenha se diferenciado dos demais, de forma desdenhosa, por não querer saber muito sobre essas empresas, sabia o suficiente para reprová-las completamente. Suas reprovações eram dirigidos tanto às suas reformas mais secretas quanto aos enfoques mais aparentes. Abarcavam toda a "causa" de Willermoz e essa causa lhe parecia muito má. Parecia-lhe "viciada", empoleirada em preocupações materiais, embaçada de orgulho, direcionada para o efeito de uma inflação de ambição irracional e, por tudo isso, consagrada a um fracasso certo. Apesar da cortesia das fórmulas, a condenação é sem esperança de recurso.


"Eu apreciava, escrevo, o seu desejo de avançar e descobrir os sábios, mas gostaria que tivesse sido feito com menos aparato e menos estardalhaço; também acreditava que o enorme fardo que você tomou não o esmagaria, ficando finalmente bem longe do que procura"[22].


A segurança que o chanceler de Lyon exibia o irritava, assim como sua incompreensão crônica; ele recomendava a prudência e o fazia sentir que, depois dos quarenta, já era hora de um sábio se defender "da menor falta de consideração" em sua conduta espiritual. As objeções que ele levantava eram principalmente de ordem mais geral. O Filósofo Desconhecido tentava fazer com que seu correspondente entendesse que essa ambição de unificar a ciência mística, sob uma disciplina comum, essa "esperança de concentrar o espírito nos códigos e nas escolas"[23], com o objetivo de poder dirigir seus progressos e supervisionar sua difusão, corre o risco de fracasso certo, já que a própria natureza de todo místico é ser individual, livre e quase incomunicável.


Notas:


1 - Carta de Willermoz a Charles de Hesse de 25 de setembro de 1782.


2 - Carta de Willermoz a Charles de Hesse de 30 de novembro de 1782.


3 - Willermoz a Charles de Hesse em 30 de dezembro de 1782.


4 - Lyon ms. 5458 p 5, impreso.


5 - Lyon ms. 5458, p. 2


6 - Resposta as asserções do Irmão a Fascia, p. 27 nota 4.


7 - Lyon ms. 5458, piezas 6, 7 y 8.


8 - Lyon ms. 5458, pieza 8.


9 - 0 Lyon ms. 5425 p. 55. Carta de Willermoz a Chefdebien.


10 - No início de novembro de 1782, ele já sabia que Kolowrat e Chefdebien estavam em Paris esforçando-se para pintar Willermoz e Charles de Hesse com os piores tons. 1 de novembro de 1782.


11 - "A quem tentar me defender será gritado 'crucificai'". Willermoz para Charles de Hesse, 1 de novembro de 1782.


12 - Lyon ms. 5425 p. 54.


13 - Lyon ms. 5425 p. 55, 23 de febrero de 1783.


14 - Bord. Ob.cit. pp. 351 y 352


15 - Em 10 de junho de 1786, Havre de Croy escreveu para Willermoz que a união desses Regimes em Paris seria a ruína da "Beneficência", esmagada pela numerosidade dos membros filaletas.


16 - Lyon ms. 5425 p. 55. Willermoz a Chefdebien, 23 de febrero de 1783.


17 - Lyon ms. 5425 p. 55 bis. Willermoz a Chefdebien, 12 de junio de 1783.


18 - B. Fabre. Franciscus, cavaleiro a Capite Galeato, ob. cit. pp. 12-72. O sucesso do Rito Primitivo foi muito limitado, mas as pretensões de seu fundador depois da Revolução, no momento da reorganização do Grande Oriente, são sintomáticas da má-fé do personagem.


19 - Em setembro de 1784, Saint-Martin recebeu a convocação, mas não se propôs misturar-se em empresas de um homem como Savalette, a quem considerava como "o tormento da verdade", Papus, ob. cit. p. 179.


20 - Papus, Saint-Martin, pp. 161-166.


21 - Para esclarecer este pequeno detalhe, seria necessário, com certeza, excluir "A Beneficência" de Paris; no entanto, não sabemos em que data Saint-Martin foi adicionado à Ordem reformada. Ele já estava inscrito em 1783? No entanto, como ele nunca desempenhou um papel importante naquela loja, parece difícil que ele pudesse acreditar ter o direito de presidir essas reuniões.


22 - Papus, Saint-Martin, p. 163.


23 - Papus, Saint-Martin, p. 164.


I.C.J.M.S.

Que a Ordem Prospere !!!



161 visualizações0 comentário

Comments


Commenting has been turned off.
bottom of page