Karl Von Hund - Parte 1 - 1742 a 1767
- Primeiro Discípulo
- 9 de ago.
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Dando continuidade ao projeto dedicado a apresentar ao irmãos no Brasil o pensamento do historiador Georges Lusseaud (Eques a Lumine Amoris), autor da relevante obra Histoire et Finalités du Régime Maçonnique Écossais Rectifié, disponibilizamos mais uma tradução desse trabalho. Com esta nova contribuição, reafirmamos nosso compromisso de aprofundar o estudo e fomentar o diálogo acerca do Regime Escocês Retificado, ampliando o acesso a fontes históricas fundamentais e de elevada qualidade.
KARL VON HUND
1742–1767
O PRÓLOGO GERMANO-ESCANDINAVO
∴ Dois movimentos ganham forma após o Discurso de Ramsay.
Inicialmente, seguirão caminhos separados; depois se encontrarão, e o Regime Escocês Retificado será o resultado desse encontro, na fase final do século XVIII.
A partir de 1742, voltamos nossa atenção ao jovem franco-maçom alemão Karl von Hund, que formará a Estrita Observância Templária germânica entre 1749 e 1753; depois acompanharemos o destino dessa forma maçônica até seu declínio, na década de 1770.
A partir de 1750, data de sua iniciação, dedicaremos mais tempo à trajetória do condutor do movimento francês: Jean-Baptiste Willermoz. Em 1760, ele fundará, com base em três oficinas de sua cidade, a Grande Loja dos Mestres Regulares de Lyon.
Eis, portanto, as primeiras etapas.
Mas nosso propósito de relatar de forma precisa e profunda a gênese do Regime Retificado careceria de sua devida iluminação, e não chegaria a nada inteligível, se não tivéssemos diante dos olhos — esclarecendo-se mutuamente — a história geral da Franco-Maçonaria e a história do mundo profano no qual ela avança.
Esboço de história geral
Continuação da guerra de sucessão da Áustria. Lutando, de fato, "pelo rei da Prússia", até 1748 os franceses continuam a obter vitórias nos Países Baixos.
1743
∴ Enquanto a Maçonaria moderna se introduz na Boêmia — criada por irmãos ingleses em Bordeaux — a loja “L’Anglaise” decide trabalhar em língua francesa. Mas, em 14 de março, em Portugal, onde o rei João IV apoia os inquisidores, diversos irmãos são torturados e queimados vivos.
[Nota do Blog Primeiro Discípulo: O fato narrado pelo autor não coaduna com a verdade. O ano de 1743 não corresponde ao reinado de Jõao IV (este reinou entre 1640-1656). No século XVIII, a Maçonaria em Portugal enfrentou perseguição sim, principalmente após a bula papal de 1738 que condenou a Maçonaria. De fato encontram-se relatos bem documentados de tortura e morte de maçons mas não tendo a inquisição como ator principal. O papel da Inquisição era, de fato, principalmente judicial e eclesiástico — ela investigava, julgava e condenava o que considerava heresia segundo o magistério da Igreja. Contudo, a Inquisição não realizava diretamente as execuções. Quando um tribunal inquisitorial condenava alguém, remetia o condenado às autoridades civis, conhecidas como o "braço secular", que eram responsáveis por aplicar a pena, incluindo execução. Na ocasião de tais acontecimentos o rei era Dom João V.
Apontemos os fatos:
A loja maçônica "Virtude" foi invadida em 8 de março de 1743;
Três maçons — Damião de Andrade, Manuel de Revelhos e Cristóvão Diogo — foram torturados e levados à execução na fogueira por ordens do rei D. João V, em um édito retroativo que punia crimes maçônicos com a pena de morte.
Esse evento está bem documentado e é considerado um dos episódios mais dramáticos da perseguição maçônica pela Inquisição portuguesa do século XVIII.
Portanto, o que o autor apresentou, contém imprecisões em relação às datas, locais, personagens e eventos, e não pode ser confirmado como historicamente correto na forma apresentada.]
1744
∴ Pânico em Londres: a frota francesa parte de Brest, mas fracassa em seu ataque à Inglaterra. Em março, a França lança suas forças contra a Áustria. Quem comanda? O conde Louis de Clermont, que se destaca em junho com campanhas vitoriosas.
Relatório policial assinado por Morabin, secretário do tenente de polícia, datado de 15 de março:
“Dizem que M. de Clermont está muito descontente por não ter comando. Voltou da Corte profundamente mortificado. Acredita-se que não servirá nesta campanha e que mandou embora metade de seu séquito.”
(Nota: isso é falso, pois ele de fato assume o comando das tropas a partir de março.)
Assim, ele terá tempo de fazer florescer a Ordem dos Franco-Maçons da qual é Grão-Mestre. Teria projetado novas constituições tanto para os irmãos quanto para os mestres de loja, afastando tudo o que não for nobre ou bom burguês...
Em Bordeaux, Étienne Morin funda a loja Saint-Jean de Jerusalém: a primeira a reunir Mestres Escoceses. Ao mesmo tempo, em Berlim, Frederico II é eleito Grão-Mestre da G∴L∴ dos Três Globos.
1745
∴ Nos Estatutos, Louis de Clermont assina como Grão-Mestre de todas as Lojas Regulares da França.
Novas lojas: em Bordeaux, La Parfaite Harmonie; em Toulouse, Saint-Jean l’Ancienne, fundada pelo barão de Barnewall, irlandês católico exilado; e em 6 de novembro, L’Anglaise de Bordeaux acende as luzes da loja L’Heureuse Rencontre, a primeira de Brest.
Um dos primeiros esboços de Ritual Escocês menciona o trono e o assento sob o dossel do Venerável Mestre, o uso da espada sobre o coração do candidato, e o triplo das luzes da Ordem no grau de Mestre.
Continuam na França publicações, batidas policiais e diversas medidas anti maçônicas; mas essas perseguições cessam em setembro, graças ao prestígio de Louis de Clermont.
1746
∴ O Código prussiano consagra o abandono definitivo dos costumes feudais.
Vitórias de Louis de Clermont: em 19 de setembro em Namur, e em outubro em Raucoux.
Sob o nome de Parfaite Loge d’Écosse, estruturam-se em Bordeaux os graus superiores escoceses que compõem a Maçonaria de Perfeição.
1748
Inversão das alianças: preocupados com o avanço do poder prussiano, Luís XV e Maria Teresa negociam um acordo contra Frederico II. A filha do czar Pedro, Elisabeth da Rússia, apoia a coalizão; a Inglaterra permanece ao lado de Frederico.
1749
∴ Novas lojas francesas: Les Trois Mortiers em Chambéry, Saint-Jean de Jérusalem em Avignon, Saint-Jean em Albi, Saint-Jean de la Réunion des Élus em Montpellier.
Carta de 18 de agosto de Louis de Clermont àqueles preocupados com os Altos Graus:
“Purifiquem vossa filosofia; evitem vesti-la com as diferentes máscaras que alegram sucessivamente suas diferentes ideias.”
Karl von Hund funda sua loja em Kittlitz.
1750
∴ Jean-Baptiste Willermoz é iniciado em Lyon.
1751
∴ Ano importante para a Maçonaria na Grã-Bretanha!
Desde 1724, o deísmo vago das Constituições de Anderson provocava resistência entre irmãos operativos e aceitos relutantes à G∴L∴ dos Modernos.
As discussões, cada vez mais acaloradas, levaram em 1738 à transformação da federação londrina em Grande Loja da Inglaterra. E eis que em 1751 ocorre o cisma da Maçonaria inglesa: acusando a G∴L∴ de ter sacrificado a tradição ancestral à mentalidade moderna, maçons irlandeses católicos organizam a Sociedade dos Antigos.
Em outubro, George Duvalnous, de origem escocesa, funda em Marselha a loja Saint-Jean d’Écosse.
1752
∴ Em Paris, inicia-se a atividade confusa de Pirlet: reagindo ruidosamente contra as inovações fantasiosas dos Altos Graus, ele próprio começa a inovar, projetando um grau de Grande Imperador do Oriente.
1753
∴ Em 5 de dezembro, sob a liderança de Robert Turner, e com o intuito de regenerar a Maçonaria inglesa, a Sociedade dos Antigos transforma-se em Grande Loja dos Antigos.
Com 31 anos de idade, Karl von Hund trabalha na criação da Estrita Observância Templária (E∴O∴T∴).
1754
∴ Até 1763, ocorre a guerra franco-inglesa. Representantes das sete colônias reúnem-se em Albany, perto de Nova York; papel já importante de George Washington.
Sob direção do Grão-Mestre cujo nome leva, e munido de uma patente de Charles-Edward Stuart, constitui-se em Paris o Capítulo de Clermont: para um Rito de Perfeição em sete graus, dos quais quatro superiores. Karl von Hund participa.
Surge a Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus Cohens do Universo, de Martines de Pasqually, que instala os Juízes Escoceses em Montpellier.
1755
∴ O terremoto de Lisboa.
Primeiros passos da Maçonaria francesa no caminho das obediências: uma Grande Loja da França tenta nascer em 4 de julho, com base em 44 artigos que deveriam servir de regulamento a todas as lojas do reino. Essa tentativa de centralização parte da respeitável loja Saint-Jean de Jérusalem, no Oriente de Paris; a iniciativa vem de Louis de Clermont.
1756
∴ Até 1763, a Guerra dos Sete Anos perturbará a Alemanha, onde Karl von Hund exerce intensa atividade: a E∴O∴T∴ se espalha; as lojas simbólicas servem como viveiros para uma ordem de cavalaria.
Na Grã-Bretanha, Ahriman Rezon redige as Constituições da G∴L∴ dos Antigos.
Lemos num texto de 24 de junho de 1917, do Bureau Internacional de Relações Maçônicas:
“A respeito do Rito inglês ou americano, às vezes chamado Rito de York, o F∴ Gould acredita que essa designação se deve ao fato de que os Antigos adotaram, em 1756, o nome de Maçons de York.”
Forma-se uma Grande Loja dos Países Baixos.
Jean-Baptiste Willermoz funda a loja La Parfaite Amitié, em Lyon.
1757
∴ Prossegue a Guerra dos Sete Anos. Frederico II é salvo por sua vitória em Rorsach sobre os franceses.
A Franco-Maçonaria holandesa adota os Altos Graus, sob a designação de "Additional Degrees".
Revendo seus antigos julgamentos hostis, o rei da Suécia, Frederico I, recebe a homenagem dos deputados das lojas.
Em uma carta do Doutor Thomas Manningham, datada de 12 de julho, encontra-se o primeiro uso conhecido do adjetivo "especulativa" para qualificar a maçonaria "pós-operativa".
1758
∴ O Royal Arch, quarto grau de fato da maçonaria inglesa, torna-se a forma definitiva do "Mestre Escocês" elaborado em Bordeaux.
A Grande Loja da Irlanda une-se à Grande Loja dos Antigos.
Em 23 de junho, em Gefeld, Louis de Clermont sofre cruéis reveses militares.
Desencantado com as vãs vaidades do mundo, retira-se em busca de paz com Deus; posteriormente, casa-se com a marquesa Elizabeth de Tourvoie.
Ao mesmo tempo, Louis de Clermont nomeia Jacques Lacorne como Venerável Mestre da loja “La Sainte Trinité”, para ser seu substituto na liderança da obediência maçônica francesa em formação.
1759
∴ As lojas escocesas de Bordeaux absorvem o Rito de Perfeição, elaborado em 1754 no Capítulo de Clermont, para constituir o Rito dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, composto por 25 graus.
1760
∴ Início do reinado de Jorge III, na Inglaterra. A França perde o Canadá.
Do castelo de Ferney, Voltaire faz dele um centro cultural de dimensão internacional.
Cisão no projeto de criação de uma Grande Loja da França.
Munido das patentes do duque d’Antin, Jean-Baptiste Willermoz funda a Grande Loja dos Mestres Regulares de Lyon.
Nasce, em Estocolmo, a Grande Loja Nacional da Suécia.
1761
∴ Paralelamente à Grande Loja, constitui-se na França um Grande Conselho das Lojas Regulares, sob a direção de Chaillon de Joinville, com a missão de regulamentar os Altos Graus.
Surgido em Bordeaux, esse conselho envia Étienne Morin para introduzir a Maçonaria Escocesa na América do Norte.
1762
∴ ANO IMPORTANTE
Prossegue a Guerra dos Sete Anos. Frederico II é salvo graças à morte prematura da czarina Isabel da Rússia e à ascensão ao trono imperial de Pedro de Holstein, seu amigo, que se torna Pedro III.
Entre os Altos Graus, o Kadosh, vindo de Metz para Paris, desestabiliza a Maçonaria francesa. Martines de Pasqually começa a se agitar em Bordeaux.
Os maçons de Berlim erigem um Capítulo de Clermont.
Nos Travaux de Villard de Honnecourt, Paul Naudon escreve:
“Gostaria de mostrar o quanto, neste ano de 1762, tão fértil em acontecimentos de toda ordem, o desenvolvimento do Escossismo e a proliferação de seus graus já faziam sentir a necessidade de uma reorganização, a fim de canalizar as novidades no curso da Maçonaria tradicional. Contudo, a confusão continuaria a se amplificar, e a reação brusca e suspeita de Pirlet conheceria apenas um sucesso limitado e momentâneo.”
1763
∴ Fim da Guerra dos Sete Anos: a aliança franco-austríaca renuncia à invasão da Prússia.
Na tentativa de se reunificar, a Grande Loja da França constitui o Conselho Soberano dos Cavaleiros do Oriente de Paris.
1764
∴ Publicação do “Dicionário Filosófico” de Voltaire.
A loja “La Française”, de Bordeaux, incorpora um Capítulo Cohen, dirigido por Martines de Pasqually, passando a se chamar “Française Élue Écossaise”.
1765
∴ Início da revolta dos colonos ingleses na América do Norte.
Para suplantar o grau de Kadosh, o barão Théodore de Tschoudy funda, em Metz e Paris, dois colégios do grau de Escocês de Santo André da Escócia.
Após seu convento em Altenberg, a Estrita Observância Templária (S.O.T.) se introduz na Suíça.
1766
∴ As Grandes Lojas da Inglaterra e da França celebram um concordato.
Martines de Pasqually recebe Jean-Baptiste Willermoz em sua Ordem dos Elus Cohens.
Alemanha: em 28 de outubro, constitui-se em Frankfurt uma Grande Loja provincial ligada à Grande Loja da Inglaterra.
1767
∴ Transbordando a intimidade das Lojas e adquirindo uma dimensão pública, os distúrbios causados pela proliferação dos Altos Graus provocam na França uma grave medida policial: a suspensão das atividades maçônicas.
Essa proibição durará até a morte do conde Louis de Clermont, em 1771.
Entretanto, Martines de Pasqually instala as instâncias de sua Ordem em diversas cidades francesas.
Na Alemanha, a Estrita Observância Templária (E∴O∴T∴) publica seus estatutos gerais.
De Paris a Kittlitz
Ao deixar Paris em 1743, Karl von Hund passou pelo Brabante, onde frequentou Lojas militares francesas. Isso lhe foi bastante instrutivo — e não é difícil acreditar, sabendo que as Lojas militares instituíram os ritos de mesa. Um copo é chamado de "canhão"; faz-se o "alinhamento"; leva-se o canhão à boca dizendo:
"fogo, fogo total, fogo pleno e perfeito"...
O que poderia ser mais sedutor para um jovem aristocrata franco-maçom, sonhador de ambientes cavaleirescos?
"A Alemanha", escreve Albert Lantoine, "não mostrou resistência à naturalização dos Altos Graus; seus mistérios e sua nebulosidade casavam bem demais com o caráter da nação para que não os acolhesse com entusiasmo. Já em 1741, segundo os Acta Latomorum, o conde de Sehmettau, iniciado na França nos graus escoceses, os introduziu em Hamburgo, na Loja Judica; e em 1742, conforme Fendel, a Loja L’Union, de Berlim, praticava a Maçonaria escocesa ou de Santo André, ‘segundo um ritual’ com muitas semelhanças com o que foi publicado em Lille.”
"Retorno de Paris: Brabante, países escandinavos e germânicos." Assim, Karl se instruiu acerca das diversas concepções do trabalho maçônico e dos diferentes usos e costumes. Mas, por um lado, nutria em sua alma um sonho templário; por outro, nessa mesma época, encontrou seu primeiro guia na direção de uma Maçonaria templária.
Sobre esse "sonho templário do século XVIII", Timoléon-François Bègue-Clavel traçou o seguinte esquema:
“Assassinato do Grão-Mestre provincial do Monte Carmelo em 1303. Vinda dos assassinos a Paris, onde ‘acusaram os Templários dos crimes mais horríveis’.”
“Esse fato teria provocado a perseguição por parte de Filipe, o Belo, e o suplício de Jacques de Molay...
Após essa catástrofe, o Grão-Mestre provincial de Auvergne, Pierre d’Aumont, dois comendadores e cinco cavaleiros conseguiram salvar suas vidas.
Dirigiram-se à Escócia e, para não serem reconhecidos no caminho, disfarçaram-se com trajes de pedreiros-operários.
Aumont, o primeiro com esse nome, foi nomeado Grão-Mestre em um capítulo realizado no dia de São João de 1313. Para escapar das perseguições, os Irmãos adotaram símbolos tomados da arquitetura e se autodenominaram pedreiros livres, ou franco-maçons. Em 1361, o Grão-Mestre da Ordem transferiu sua sede para Old Aberdeen; e, a partir desse momento, a Ordem espalhou-se sob o véu da maçonaria pela Itália, França, Portugal, Espanha e outros lugares.”
O que há de verdadeiro nisso tudo?
Quase nada. Durante os séculos XIX e XX, os historiadores aprenderam a escrever história com seriedade; fábulas desse tipo apenas provocam sorrisos. Mas Karl von Hund acreditava tanto nisso que fez dessas lendas o alicerce de sua construção “maçônico-cavaleiresca”.
Muito provavelmente já em 1743, ele enchia seus amigos de confidências curiosas. Clavel continua:
“Ele dizia ter sido recebido como Templário na França por Charles Edward Stuart, Grão-Mestre Geral da Ordem, e ter sido nomeado Grão-Mestre da sétima província em substituição ao Sr. Marshall, que lhe teria transmitido tal qualidade por meio de um diploma escrito em caracteres desconhecidos, com sua assinatura e acompanhado de uma lista de todos os Grão-Mestres da Ordem desde Jacques de Molay...”
Isso nos conduz a esse “Sr. Marshall”, personagem tão importante para os destinos de Karl von Hund.
HENRI-GUILLAUME MARSHALL VON BIEBERSTEIN
Enquanto aguardamos conhecer melhor esse homem, anotemos dois fatos datados:
Em 1749:
Por um lado, Bieberstein introduziu um rito templário na Alemanha, a partir de uma loja em Naumbourg; por outro lado, Karl o encontrou e tornou-se seu discípulo na Cavalaria.
Parece que, em 1749, Karl von Hund fundou em Kittlitz sua loja “Às Três Colunas”.
[Nota do Blog Primeiro Discípulo: Há alguma divergência nas datas apresentadas para a fundação da loja "Às Três Colunas" em Kittlitz, entre 1749 e 1751. A maioria dos historiadores aponta para 1751 como data mais precisa da criação formal da Estrita Observância Templária, enquanto pra 1749 há referências iniciais à atividade e influência de von Hund e seu contato com Marshall-Bieberstein.]
Ainda não era o Capítulo de onde partiria a Estrita Observância Templária (S∴O∴T∴), mas já se tratava de uma loja qualificada como “templária”.
Essas terras de Kittlitz pertenciam a ele e situavam-se não longe de Lobai.
A Cavalaria!
Não se torna “cavaleiro” de qualquer maneira, por geração espontânea.
Assim como a Franco-Maçonaria, o Companheirismo, as Construções Sacralizadas, a Obra, possuem suas próprias leis fundamentais — cuja ignorância impede qualquer um de tornar-se maçom, ou companheiro, ou ainda de receber novos maçons ou companheiros —, da mesma forma, enquanto instituição da Arte Militar, combate sacralizado (Militia), a Cavalaria possui as suas: ninguém se torna cavaleiro apenas ingressando numa sociedade “cavaleiresca” improvisada, sem um verdadeiro adoubement...
[Nota do Blog Primeiro Discípulo: Adoubement é o termo francês que designa o rito tradicional e solene pelo qual um indivíduo é investido cavaleiro. Este ato inclui um juramento, a entrega de insígnias (como a espada e os esporões), e um contato físico simbólico — geralmente um toque com a espada sobre os ombros ou o pescoço do recipiendário. A cerimônia pode ocorrer por via laica ou militar, quando conduzida por outro cavaleiro, ou por via eclesiástica, conferida por um bispo ou abade segundo o rito chamado benedictio novi militis. O autor sublinha que, sem um adoubement legítimo — isto é, proveniente de uma "fonte de honra" —, não há verdadeira cavalaria.]
Dessa dita Cavalaria, o “caráter” — sempre inseparável do “poder de transmitir” — só pode provir de uma transmissão autêntica. Para a ela aspirar sem impostura, não basta adquirir uma espada em algum lugar e adornar-se com uma capa. As fontes cavalheirescas — em outras palavras, as origens certas de linhagens transmissoras da Cavalaria — não podem surgir no século XVIII nem nos que o sucedem; ou, o que dá no mesmo, não podem começar no século XVIII nem nos seguintes, salvo se sobrevier o que, na Arte Militar, se chama de uma fonte de honra.
Na Idade Média, havia duas possíveis fontes de honra: ou se recebia a cavalaria de um cavaleiro, por meio de uma sucessão de transmissões chamadas armamentos ou adoubements, “de Cavaleiro para Cavaleiro”, que era o modo laico ou militar; ou, então, de um bispo ou abade mitrado, segundo o ritual inscrito num Pontifical e chamado benedictio novi militis, o que correspondia ao modo sacerdotal ou sacramental. Em ambos os casos: o caráter cavalheiresco e o poder de transmissão.
Ora, no século XVIII — e notadamente na Prússia — ainda existiam milícias antigas, no seio das quais continuavam a ser praticados armamentos ou adoubements. Hoje em dia isso é muito mais raro, e, no que toca à fonte de honra, a Benedictio novi militis, se algum lugar a concede um bispo ou um superior monástico, trata-se de algo muito mais seguro.
O que é preciso compreender é que, desde que haja, de uma forma ou de outra, uma fonte de honra, alguém só se torna cavaleiro por meio do rito da tradição e cingido com uma espada; que esse rito não é realizado de qualquer modo nem por qualquer pessoa; que ele se chama adoubement porque inclui um contato físico; e que isso não provém de qualquer lugar.
Não deixemos de hierarquizar as informações.
Henri-Guillaume Marshall reivindica duas origens para sua cavalaria.
O rei Stuart, Jaime III, segundo se conta, teria residido em Saint-Germain-en-Laye entre 1701 e 1718. Durante sua estada, teriam-lhe sido conferidos os “verdadeiros Altos Graus da Maçonaria”
Absurdo!
Primeiramente, os Altos Graus sequer existiam vinte anos antes do Discurso de Ramsay.
Em segundo lugar, os Altos Graus Maçônicos e a Cavalaria não são, necessariamente, da mesma natureza.
Se nosso personagem recebeu algum grau na Cavalaria da parte de Jaime III — como foi isso? Por meio da concessão de um título (ou diploma), de um manto, de uma insígnia? Nesse caso, ele teria “recebido” algo meramente sociológico e abstrato. Por adoubement? Teria então recebido o caráter e o poder de transmitir. Mas não há nenhuma precisão a esse respeito. Onde estão as cartas testemunhais?
Tudo o que se sabe, com base nessa versão nebulosa, é que, “Grão-Mestre provincial da Maçonaria na Alta Saxônia” desde doze anos, em 1749 Bieberstein adotava um “nome de ordem”, isto é, conforme o uso recentemente introduzido, um nome cavaleiresco: Eques a tabula Designatoria.
E lemos em Kaufmann e Charpin:
“Charles Edward Stuart veio lançar ainda mais confusão entre os espíritos e instaurar a anarquia administrativa. Seus favoritos, seus partidários — que o haviam acompanhado à França — venderam a fanáticos e especuladores cartas de Lojas-Mães, bulas de Capítulos, etc.
Esses títulos tornaram-se propriedades daqueles que os adquiriram. E os exploraram por toda a França. E em outros lugares...”
Bègue-Clavel comenta:
“...Mais tarde, descobriu-se que essas peças haviam sido forjadas e que o pretendente, longe de ter recebido o barão de Hund como templário, havia sido ele próprio recebido templário por este...”
Albert Lantoine acrescenta:
“...Os Superiores Desconhecidos continuam ilocalizáveis, e Charles Edward, tendo sido entrevistado, assinou de próprio punho uma declaração na qual afirma nunca ter sido Maçom, e que até gostaria de o ter sido, mas que seu pai o proibira. E que, apesar do desejo de fornecer informações ao conselheiro áulico, não conseguiu encontrar nenhum documento maçônico nos papéis que mandara trazer de Saint-Germain-en-Laye!”
“Para completar a desgraça, o duque da Sudermânia, que acabava de ser nomeado chefe da sétima província da Estrita Observância, escrevera ao conde de Albany (nome adotado por Charles Edward), solicitando-lhe a confirmação oficial de sua dignidade.
E eis que, ó espanto! Charles Edward lhe respondeu, em 25 de setembro de 1780:
‘O novo grau que obtivestes não poderia ter caído em melhores mãos. A total obscuridade em que me encontro a respeito de vossos mistérios me impede de dizer mais, enquanto eu não for esclarecido.’”
Eis, portanto, a “fonte” que Stuart representa!
Graças à outra versão, podemos vislumbrar — não a certeza (ainda a ausência de qualquer documento!), mas — a possibilidade de uma fontaine d'honneur alcançada por Bieberstein.
Contentemo-nos, com prudência, com uma hipótese ao menos admissível.
Uma carta do príncipe Charles de Hesse a Willermoz, datada de 28 de maio de 1784, incita a buscar as origens cavaleirescas da Maçonaria templária do lado da Prússia. Bieberstein, conforme especifica esse precioso texto, foi instruído na Cavalaria pelo barão Rod, em Königsberg. Mais do que por uma notável presença maçônica, no século XVIII, Königsberg se distingue pela continuidade de uma Cavalaria germânica ainda viva.
Charles de Hesse recebe, do conde de Saint-Germain, em seu leito de morte, a seguinte informação: Marshall-Bieberstein frequentou os cavaleiros Teutônicos, os Rosa-Cruzes alemães e os Porta-Espadas.
“Eis aí — escreve ele a Willermoz — dentre todas as provas da vossa filiação, a única válida que jamais tive...”
Ora, segundo Meunier de Précourt, outro correspondente de Willermoz, as cavalarias da Prússia e da Livônia seriam, assim como os Rosa-Cruzes,
“os intermediários entre a Ordem do Templo e a Maçonaria”.
O que reter?
Iniciado na Arte Militar pelo barão Rod e pela antiga Cavalaria germânica, Henri-Guillaume Marshall-Bieberstein:
– por um lado, forma em Naumburg, sob o nome de Capítulo dos Três Martelos, O PRIMEIRO NÚCLEO ALEMÃO DE MAÇONARIA TEMPLÁRIA;
– por outro, sem dúvida já em 1749, instrui Karl von Hund na Cavalaria.
De 1749 a 1755
Os historiadores maçônicos, por demais imprecisos, tropeçam nos fatos. Karl von Hund fundou, em 1749, sua primeira Loja "Às Três Colunas" em Kittlitz ou em Unwuerden?
Após o dia 24 de junho de 1751, surge seu Capítulo de Droysich: célula de um Rito muito particular, que se tornará a Estrita Observância Templária (S∴O∴T∴).
Retorno a Paris, em 1754.
Lá, é recebido nos Altos Graus Escoceses do Capítulo de Clermont. É então que toma forma, em seu espírito criador, a ESTRITA OBSERVÂNCIA TEMPLÁRIA.
E NOM D'ORDRE
[Nota do Blog Primeiro Discípulo: O termo "nom d'ordre" se refere a um nome simbólico ou de cavalaria adotado por um membro de uma ordem iniciática (como as ordens maçônicas ou cavaleirescas), geralmente em latim e com sentido alegórico. Exemplo clássico: Eques a Penna Rubra (“Cavaleiro da Pena Vermelha”).]
Bègue-Clavel:
«... Essa Ordem abrangia um vasto território, dividido em nove províncias que incluíam todas as regiões da Europa. Os cavaleiros atribuíam uns aos outros nomes característicos. Assim, o barão von Hund chamava-se Eques ab Ense (“Cavaleiro da Espada”); o marquês de Ansbach-Bayreuth, Eques a Monimento (“Cavaleiro do Monumento”), etc.»
Quando, em 1755, Naumburg se afiliou a Kittlitz, a Estrita Observância Templária (E∴O∴T∴) havia tomado sua primeira forma estrutural. Aos três graus do ofício (aprendiz, companheiro e mestre) somaram-se:
o 4º grau: Mestre Escocês;
o 5º grau: Mestre Noviço;
o 6º grau: Mestre Templário;
Esses se organizavam em três classes: Cavaleiro, Combatente e Associado.
Quanto à célebre “patente” de Karl von Hund, que fundamenta sua posição como Grão-Mestre Provincial, remetamo-nos ao estudo recente de um erudito C∴B∴C∴S∴ que assina como Eques a Zibelina (“Cavaleiro da Zibelina”): afinal, de que data é esse documento? 1743? 1751? 1755?
Nosso autor opta por 1751:
«... Von Hund certamente não teria fundado o Capítulo de Droysich sem ter em mãos os documentos que o autorizavam a fazê-lo.»
Quanto ao suposto signatário da patente, ninguém sabe ao certo quem era “Georges Guillaume, Cavaleiro do Sol Dourado, Grão-Mestre de todos os Templários”.
Note-se, porém, que já em 1753 cartas dirigidas a von Hund traziam as menções de “Grão-Mestre” ou “Grão-Mestre Provincial”; parece, pois, comprovado que von Hund efetivamente possuía um documento que atestava sua qualidade de Grão-Mestre Provincial.
O regime da Estrita Observância Templária (S∴O∴T∴) espalhou-se rapidamente pela Alemanha. Reivindicando uma herança espiritual templária, ele se caracterizava por uma disciplina marcada por rigor militar.
Grandeza e misérias da Estrita Observância
1755 – 1764
A Maçonaria simbólica da Estrita Observância Templária (E∴O∴T∴) servia como viveiro para uma ordem de Cavalaria.
Um Comendador, denominado pelo título de Deputado-Mestre, inspecionava diversas Lojas.
Em sessões capitulares, os cavaleiros trajavam o “Manto Branco”, o “Chapéu Vermelho” com plumas, “a Espada à cintura” e a “Cruz Vermelha” do Templo pendente ao pescoço.
A forte reputação da E∴O∴T∴ não poderia senão atrair aventureiros — e estes acorreram sem demora.
Schumacher, conhecido como Philip-Samuel de Rosa, nascido por volta de 1703, pastor protestante, apresentou-se como delegado geral do Capítulo de Clermont.
Tendo deixado o pastorado em 1737 por conta de um escândalo, passou a buscar nova fortuna nos movimentos maçônicos.
Por volta de 1757, propagando na Alemanha os “Altos Graus do Capítulo de Clermont”, Rosa ingressou na Estrita Observância Templária (E∴O∴T∴). Lá foi “desmascarado” por outro impostor que se fazia chamar Von Johnson.
Leucht (segundo outros, Becker), judeu errante ou semi-itinerante, conhecido como Georges-Frédéric Von Johnson ou ainda “Johnson de Fuenen”, de data e local de nascimento desconhecidos..., afirmava ser “delegado pessoal do Grão-Mestre dos Templários de Londres”. Conseguiu enganar Karl Von Hund e muitos outros durante bastante tempo. Mal havia conseguido expulsar Rosa e declarado ter recebido a missão de “Retificar a Estrita Observância”, irmãos mais atentos descobriram sua verdadeira identidade: antigo guarda de faisões, esse Samuel Leucht (ou Becker) teria se tornado secretário de um duque de Bernburg, cujos documentos teria roubado.
Após alguns erros factuais, Bègue-Clavel relata que, em 11 de junho de 1764, no convento de Altenberg, Johnson convoca, em Iena, um convento no qual declara ser o único detentor do direito de criar cavaleiros do Templo, afirmando ter recebido esse poder de Superiores Desconhecidos residentes na Escócia.
É, portanto, no convento de Altenberg que Karl Von Hund finalmente abre os olhos: fica sabendo, além disso, que o falso Johnson jamais havia sido iniciado na Franco-Maçonaria.
Desacreditado, perseguido e finalmente lançado na prisão de Wartburg, o falsário faleceu ali em 1775.
Karl Von Hund governava a E∴O∴T∴ como soberano absoluto. Seu prestígio imediato era tão grande que numerosas lojas alemãs aderiram ao regime templário. Entre elas, a “Absalon” de Hamburgo, a primeira da Alemanha.
CONVENTO DE ALTENBURG
1764
No convento de Altenburg, onde se desmascara o falso barão Von Johnson, começam a surgir dúvidas quanto aos títulos do prestigiado Karl Von Hund. Imperturbável, este reafirma sua condição de “Grão-Mestre da VIIª província da Ordem”. Repete ter sido iniciado secretamente em 1743 para ser o sucessor de Marshall-Bieberstein na chefia da referida VIIª província mas, tendo chegado tarde demais, não teria tido tempo de recolher os arquivos, os quais teriam sido queimados para que não caíssem em mãos profanas.
SERÃO TÁBUAS?
Interrogado a respeito dos Supremos Desconhecidos (tão “desconhecidos” que sua existência real acabou por se tornar problemática), ele responde que são os Stuarts.
Superiores DESCONHECIDOS?
Cada vez mais, balança-se a cabeça...
Pouco tempo antes, Johann-Christian Schubert havia ingressado na E∴O∴T∴. Este homem de boa reputação fora iniciado em 1752 na loja “Jonathan”, de Brunswick. Franco-maçom de data recente, mas tão ingênuo quanto íntegro, começa a incomodar o convento com a proposta de sua quimera chamada “o Plano Econômico”: uma espécie de comunhão de bens entre todos os irmãos da Ordem. Alguns se empolgam com essa ideia descabida, que provocará controvérsias até 1770.
UM PLANO ECONÔMICO?
De 1765 a 1767
Numa loja militar francesa de Göttingen, em 1761, foi iniciado um teólogo protestante bastante célebre, Johann-August Starck (1741–1816), então com vinte anos de idade. Grande viajante, entre 1763 e 1765 ele vai duas vezes a São Petersburgo, à Inglaterra e a Paris. Em 1765, em Paris, converte-se secretamente ao catolicismo. Tem diante de si um belo futuro: será nomeado em 1781 pregador da Corte de Darmstadt.
Tendo ingressado na E∴O∴T∴ em 1767, logo exerce notável influência. Armado rapidamente cavaleiro, adota o nome de Ordem Eques Archimedes ab Aquila Fulvia.
Ora, em 1765, propagava-se na França um Ritual de Pirlet, “Da Ordem dos Escoceses Trinitários”, impregnado do espírito de catolicismo estrito que caracteriza sua Loja, “La Trinité”.
CATOLICISMO?
Neste tipo de prólogo ao que se tornaria o Rito Escocês Antigo e Aceito, lê-se, entre os regulamentos anexos ao alto-grau de “Grande Imperador do Oriente”:
“... O Grande Colégio da Loja Suprema Escocesa, regularmente reunido, se compadece dos consideráveis desregramentos que se infiltram pouco a pouco em todos os ramos da Maçonaria, a ponto de minar-lhe os fundamentos e destruir uma Ordem tão respeitável por sua origem e por seu fim. Vendo com dor a irregularidade que se espalhou por todas as partes da Arte Real, decidiu em seu Conselho que era necessário remediar prontamente tais abusos, e esforçar-se por reparar com o máximo vigor esses ramos contaminados que, em breve, gangrenariam o Tronco de maneira irremediável.”
A continuação do texto deixa claro o apego de seu redator à única Igreja católica-romana.
A Exceção Escocesa se contenta com o apego à religião em qualquer comunhão, e, portanto, também admite os protestantes.
Tanto mais que a confissão luterana é majoritária na maioria dos países germânicos.
Ora, Karl Von Hund converteu-se ao catolicismo em 1743.
Agora se suspeita que o teólogo Johann-August Starck tenha feito o mesmo em uma recente viagem a Paris. O que é verdade... e corre o boato...
[Nota do Blog Primeiro Discípulo: A conversão do teólogo protestante Johann-August Starck ao catolicismo permanece no campo de rumores, sem evidências documentais firmes, ainda que ilustre as tensões religiosas da época]
OS JESUÍTAS?
Em 1767, isso se torna problemático. O convento de Altenburg prejudicou gravemente a credibilidade da E∴O∴T∴.
Muitos se fazem então estas perguntas:
Estarão os jesuítas tentando infiltrar-se na Estrita Observância Templária?
E se os enigmáticos “Supremos Desconhecidos” forem eles...?
[Nota do Blog Primeiro Discípulo: A hipótese da infiltração jesuíta na Estrita Observância Templária e a associação dos "Supremos Desconhecidos" à Companhia de Jesus são interpretações especulativas que carecem de fundamentação histórica consistente. Pesquisas acadêmicas externas indicam que tais teorias refletem sobretudo rivalidades ideológicas e temores próprios do contexto religioso e político europeu no século XVIII, sem evidências documentais confiáveis. Portanto, essas alegações devem ser vistas com ceticismo crítico."]
I.C.J.M.S. Que a Ordem Prospere!
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