top of page
LIBERTATEM LAPIS

O RENASCIMENTO DO RER NO SÉCULO XX

Atualizado: 16 de out. de 2020


Nota do Tradutor: Este post esta relacionado ao adormecimento do RER na Europa e em especial na França. Todos os comentários e ideias transmitidas nele são de formulação do Blog de Origem (Blog Semper Rectificando) . Nós o reproduzimos aqui com o único objetivo de alertar os irmãos praticantes do R.E.R no Brasil sobre a importância da manutenção da total integralidade do rito tal qual foi idealizado no convento de Wilhelmsbad.


O Regime Escocês Retificado continua sua obra a serviço da Ordem,

a fim de custodiar “sua essência primitiva e fundamental que se perdeu na noite dos séculos…” - Publicação do blog Semper Rectificando em 2015


Em março de 1935, Camille Savoire (1869-1951) decide transmitir do Grande Oriente da França, onde era desde 1923 o Grande Comendador do Colégio dos Ritos, o despertar do Rito Escocês Retificado na França, apoiando-se sobre o Grande Priorado independente de Helvetia, o qual nessa época era o único detentor da herança de Jean-Baptiste Willermoz (1730-1824).


Assim, no mês de março de 2015, como destacado por diversos artigos e na reedição do livro de Camille Savoire: “Observações sobre os Templos da Franco Maçonaria” publicado em 1935, representa o 80º Aniversario do “Despertar” na França do sistema maçônico e cavalheiresco fundado no século XVIII durante o Convento das Galias (1778). Razão para a celebração do Aniversario: Esta data é importante por varias razões, pelas quais merece ser celebrado com ênfase em especial pela vontade de “despertar” o Regime Escocês Retificado por Camille Savoire que fez nascer o desejo de voltar a trazer a França o sistema concebido por Jean-Baptiste Willermoz, este desejo incluía também a vontade de viver a iniciação “willermoziana” com completa liberdade, e por este feito extrair o sistema da influencia e do domínio das Obediências [1].


É sobre esta base, e não outra, que foi constituído o “Grande Diretório das Galias” em março de 1935; sendo, pois, o Aniversario de acesso à liberdade o que celebramos no presente março de 2015.


Não obstante, deve-se ter em conta que o ambicioso projeto de Camille Savoire encontrou rapidamente hostilidade no mundo maçônico que uma obediência zelosa de suas prerrogativas, desejosa em manter sob seu controle o Rito Retificado, para poder instrumentalizar sua prática em razão de seus objetivos (políticos, societários, ideológicos e dogmáticos), os quais eram, e em alguns casos continuam, totalmente estranhos à Ordem.


O 'eclipse' do projeto de Camille Savoire a partir de 1946.


Quando o “Grande Diretório das Galias” adormeceu em setembro de 1939, durante a declaração da 1ª guerra, Camille Savoire seguramente não imaginava que isto iria causar um “eclipse” de mais de setenta anos para o projeto pelo qual havia lutado e trabalhado tanto. Pois o feito, ao declarar legalmente reconstituída a Prefeitura de Nanterre em dezembro de 1946 sob o “Grande Priorado das Galias”, Camille Savoire não somente fez desaparecer por este novo nome (que não figura na Carta patente lavrada pelo G.P.I.H. em 1935) a denominação histórica do “Despertar” (do Grande Diretório das Galias), senão que começa, sem dar-se conta, um longo período durante o qual, pouco a pouco, o afastamento progressivo dos critérios que haviam presidido o retorno do Regime na França iriam se intensificar.


E esta intensificação do afastamento do projeto histórico do Grande Diretório das Galias começa imediatamente após o falecimento de Camille Savoire em 1951, já que em 1958 um “Acordo” foi levou a cabo com a Grande Loja Nacional Francesa, fazendo do G.P.D.G. a instancia dos “Altos Graus” para o Rito Escocês Retificado desta Obediência francesa, dita “regular” (sic) segundo os conceitos da Grande Loja Unida da Inglaterra.


Como escreveu Jean-Marc Vivenza no extenso prefacio que do início a reedição das “Observações sobre os Templos da Franco maçonaria”, o G.P.D.G. se envolveu ao longo do tempo em uma “total e completa reorientação institucional de 1946, convertida, ao cabo de alguns anos (especialmente na década de 90), em uma Obediência plural, diversificada, em sua ritualística, comprometendo-se de maneira quase missionária, através de um ‘Aumôniere’ (Capelão), nos ensinamentos da doutrina da religião cristã” [2].


O Regime Escocês Retificado se desviava de seus objetivos pelas 'adaptações' realizadas pelas Obediências maçônicas. Porem se o G.P.D.G., ao longo do tempo, se extraviava com concessões dogmáticas que desfiguraram e corromperam por completo o projeto de 1935, a ponto de perder toda legitimidade sobre o Regime, não seria conveniente esquecer que as condições nas quais vivia o Regime no seno das diversas Obediências da França, ademais de outros motivos, não eram muito convidativas, posto que se encontravam submetidos as observações diversas e variadas que faziam ser impossível uma prática autêntica, tal como estipulam e prescrevem com clareza os Códigos que foram decretados para organizar a vida das duas Classes da Ordem (simbólica e cavalheiresca).


Para desenhar um panorama completo das múltiplas distorções, modificações, transformações, adaptações, tanto no marco organizacional como no ritual, que foram autorizadas fazendo o Regime sofrer desde seu “despertar” em 1935, seria necessário dedicar a isto grandes volumes que inevitavelmente provocariam em sua leitura grande estupefação seguida de ceticismo e às vezes indignação.


Entender-se-á melhor porque, como explicado na reedição das “Observações sobre os Templos da maçonaria” [3], Camille Savoire sentiu-se próximo da conversa que teve com Marius Lepage (1902-1972) depois da guerra, havendo compreendido que as Obediências representavam finalmente, e ainda hoje, uma ameaça real para a integridade e a fidelidade da via iniciática, até o ponto de considerar que se fazia necessário constituir uma alternativa a estruturas administrativas profanas que pretendiam “administrar os Ritos maçônicos”, para viver fora de um marco de obediência, segundo as leis e princípios da Ordem, pois diziam: “A Ordem é de essência indefinível e absoluta; a Obediência está submetida a todas as flutuações inerentes a debilidade congênita do espírito humano” [4].


Camille Savoire e Marius Lepage, como revela sua correspondência, perceberam muito bem que “a maçonaria contemporânea havia se convertido em refém de instancias profanas de natureza puramente exotérica” [5]. Esta tendência fazia do “esoterismo profano”, uma grosseira caricatura especuladora, de messe política, e o sectarismo dogmático intensificado ainda mais, e é de se temer que ainda perdure, indo muito mais longe em sua degradação, a tal ponto em que é muito provável que em um curto período de tempo poderíamos chegar a nos perguntar se a Ordem não deveria, para garantir sua sobrevivência, separar-se e se afastar definitivamente do “marco maçônico” e com isto prosseguir com sua missão espiritual, iniciática e doutrinal confiada por seus fundadores no século XVIII; decisão de retirada proposta no século XVIII, por Johan August Freiherr Von Starck (1741-1816), Eques ab Aquila Fulva, pelas mesmas razões.


A ‘Refundação’ necessária do Regime Escocês Retificado.


Antes que uma decisão deste tipo seja imposta pela Historia as gerações que terão sob sua responsabilidade, algum dia, a direção do Regime Escocês Retificado, e para salvar o que devia antes que fosse demasiado tarde, em dezembro de 2012 “um ‘retorno’ as bases fundamentais foi desejado e considerado como necessário (…) partindo da constatação de que os critérios estipulados pela ‘Carta Constitutiva’ de 1935 são em substancia: ‘Praticar o Rito Escocês Retificado em conformidade com os estatutos da Ordem (…) e especialmente manter em sua integralidade as decisões decretadas nos diversos Conventos de Kohlo em 1772, de Willemsbad em 1782 e das Galias em 1778 (conforme o G.P.I.H., Carta Constitutiva e Cartas Patentes, 20 e 23 de março de 1935), não estavam sendo em absoluto respeitados, senão singularmente abandonados e profundamente contrariados” [6], assim foi despertado o “Grande Diretório das Galias”.


Esta iniciativa histórica, designada pelo nome genérico de “Refundação”, em função do trabalho que se deve levar a cabo para encontrar e retornar as fontes organizacionais e doutrinais do Regime e marca incontestavelmente uma data importante, e não é surpreendente a este respeito que as mesmas incompreensões e temores comparáveis as encontradas em 1935 por Camille Savoire, ressurjam de forma idêntica em 2015, pois os mesmos motivos que provocaram o afastamento da maçonaria regular quando da reconstituição do “Grande Diretório das Galias” em sua época, não se modificaram com o tempo, e os mesmos prejuízos, quase que nos mesmos termos de 1935, ante o “Grande Diretório das Galias” desperto em dezembro de 2012, que agora prossegue na obra de “refundação” fidedigna as intenções de Camille Savoire, afim de que a Ordem conserve “sua essência primitiva e fundamental que se perdeu na noite dos séculos…


Conclusão


Desta forma, neste ano do 80º Aniversario do “Despertar” do Regime Escocês Retificado, podemos dar graças a Divina Providencia que ha permitido que o “Grande Diretório das Galias”, instancia histórica de 1935 constituída por Camille Savoire, esta novamente ativa e viva, porque nos permite celebrar, longe das terras de exílio do no Egito, a “Refundação da Ordem”, que é o mesmo “Renascimento da Fênix”.


No Prefacio de apresentação escrito por ocasião da reedição das “Observações sobre os templos da maçonaria”, Jean-Marc Vivenza, recorda a apreciação de René Guénon (1886-1951) a respeito do projeto de Camille Savoire sobre o despertar do Regime Escocês Retificado fora das Obediências, declarando: “nas presentes circunstancias, [é] o mais desejável, senão quisermos ver se perder irremediavelmente os últimos vestígios da iniciação ocidental que ainda subsiste…” [7], acrescentando com grande precisão: “Não se pode resumir melhor, segundo nós, o sentido e o objeto da obra empreendida por Camille Savoire: trabalhar sem descanso e com coragem, na Fé, na Esperança e na Caridade, enquanto persistirem os últimos vestígios da iniciação ocidental que ainda subsistem, de forma que as ‘almas de desejo’, de hoje e de amanhã, possam encontrar um caminho verdadeiro e autêntico que conduz realmente ao ‘Santuário da Verdade” [8].


Notas:


1. Aconteceu em 17 de abril de 1935 quando Camille Savoire renuncia ao G.O.D.F. e em seu ultimo ato na qualidade de Grande Comendador escreve: “Resolvo… retirar-me do Grande Oriente da França e recuperar assim minha completa liberdade de ação…”.


2. J. M. Vivenza no Prefacio, em Camille Savoire, ‘Regards sur les temples de La Franc-maçonnerie’ (1935), reedição da editora La Pierre Philosophale, 2015.


3. Do livro supracitado, pp. 75-77.


4. M. Lepage, L’ordre et les Obédiences, Histoire et Doctrine de la Franc-Maçonnerie (A Ordem e as Obediências, Historia e Doutrina da Maçonaria), Dervy, 1956.


5. J. M. Vivenza no Prefacio, do livro supracitado, pagina 75.


6. Idem pagina 73.


7. R. Guénon, O Véu de Ísis, dezembro de 1935, em Études sur la Franc-maçonnerie et le compagnonnage, Éditions Traditionnelles, 1964.


8. J. M. Vivenza no prefacio, supracitado pagina 89.


I.C.J.M.S. Que Nossa Ordem Prospere !!!


182 visualizações0 comentário

Comments


Commenting has been turned off.
bottom of page