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SANTO ANDRÉ NO RITO RETIFICADO

  • LIBERTATEM LAPIS
  • 28 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 27 de out. de 2020



No ritual do Quarto Grau do Rito Escocês Retificado, conhecido atualmente sob o nome de “Mestre Escocês de Santo André”, aprovado no Convento das Gálias de 1778, faltava o último quadro com a figura de Santo André, assim como a última instrução que resume todos os pontos essências da maçonaria simbólica retificada, elementos que foram acrescentados pouco depois do Convento de Wilhemsbad (1782).


Por uma carta, Willermoz explicava o sentido do 4º Grau do Regime Retificado do seguinte modo: “Temos somente um grau superior e intermediário entre os três graus azuis e a Ordem Interior; denominado, como já havia dito, Mestre Escocês de Santo André. (…) Nosso Mestre Escocês rememora e põe em ação na sua recepção todas as grandes épocas históricas sobrevindas do Templo de Salomão e a nação eleita: a destruição, a reedificação e a segunda dedicação do um, o cativeiro, o retorno aos combates do outro; pois não perdemos nunca de vista as revoluções deste Templo único, nem o grande emblema do Mestre Hiram; todos estes objetos são postos em cena ante os olhos do candidato por diversos tapetes, dos quais o último figura a passagem da antiga Lei a nova Lei por Santo André, que deixa seu primeiro mestre João Batista para seguir eternamente a Jesus Cristo; aqui finalizamos os símbolos” [1].


Entretanto, apesar de sua importância no Regime Retificado, poucos Irmãos conhecem quem foi realmente Santo André.


É interessante esclarecer a história deste grande santo e Apóstolo que ocupa um lugar parecido a uma bisagra no interior do sistema fundado por Jean Baptiste Willermoz. Santo André, irmão de são Pedro, é o primeiro dos Apóstolos que conheceu Jesus Cristo após seu batismo as margens do Jordão. Não obstante, seu definitivo chamado não aconteceu até o momento em que Jesus voltou a encontra-lo com seu irmão Simão, lançando as redes para pescar, no mar da Galileia, e lhes diz: “Segui-me, Eu os farei pescadores de homens”.


Depois de Pentecostes, André prega em Jerusalém, Judeia, Galileia, chegando a evangelizar aos etíopes, gálatas e outros diversos povos até o Ponto Euxino. Os sacerdotes de Acaia se encarregaram de enviar as igrejas do mundo inteiro o relato de seu martírio, do qual foram testemunhas oculares. Descreveram que diante do perigo do suplicio na cruz Santo André disse: “Se temesse esta dura prova, não poderia pregar a grandeza da cruz”. Uma enorme multidão, formada por pessoas de todos os rincões da província, se uniu para a defesa do Apóstolo ante a ameaça de morte feita pelo cônsul romano. Porém André pediu calma a multidão de cristãos amotinados, os exortou a resignação e lhes recomendou que ficassem prontos para o bom combate.


No dia seguinte, novamente ameaçado, disse ao juiz: “Este suplicio é o objeto dos meus desejos; meus sofrimentos durarão pouco, os vossos durarão eternamente se não acreditardes em Jesus Cristo”. O juiz, irritado, ordenou que o conduzissem ao lugar do suplício. Durante o caminho, o Apóstolo consolava aos fies, aplacando sua ira e lhes fazendo partícipes de sua felicidade.


Quando de longe viu a Cruz, clamou em voz alta: “Eu a saúdo, oh Cruz consagrada pelo sacrifício do Salvador; tuas preciosas pérolas são as gotas de seu sangue. Venho a ti com alegria, recebe o discípulo do Crucificado. Oh boa Cruz, tão longamente desejada, tão ardentemente amada, dá-me a mim meu divino Mestre. Que por ti seja admitido a gloria d’Aquele que por ti me salvou”.


O despojaram de suas vestes, as repartiram entre os verdugos, depois foi atado a uma cruz de forma particular, chamada desde então cruz de Santo André. O Santo, desde o alto da Cruz, exorta aos fiéis, pregando aos gentis, e os comoveu a todos. Uma meia hora antes de seu último suspiro, seu corpo foi inundado por uma luz celeste que desapareceu quando faleceu.


Como muito bem pontuado por Willermoz “Santo André representa a passagem da Antiga Lei para a Nova Lei, o que se faz perceber quando abandona seu primeiro mestre João Batista para seguir eternamente a Jesus Cristo”, recordando-nos que a Nova Aliança não representa uma ruptura com a anterior mas, antes, a “incorpora” e a “realiza” por meio do cumprimento da Velha Lei e do estabelecimento da Graça; da aceitação da transformação que conduz o velho homem ao estado de novo homem. Pois a Encarnação de Jesus Cristo manifesta a continuidade das promessas estabelecidas no plano celeste e divino, fundando para sempre a “Aliança Eterna” (Hebreus 13; 20), Aliança perfeita, superior à Antiga, que liberta a raça de Adão por efeito Graça.



I.C.J.M.S.

Que Nossa Ordem Prospere !!!



Obs.:


[1] Pierre Chevallier, Louis Mathias de Barral, antigo bispo de Troyes, franco maçom do Rito Escocês Retificado, e um documento inédito sobre o Rito Escocés Rectificado (carta de Jean-Baptiste Willermoz); “Mémoires de la Société Académique de l’Aube”, (1964‑1966), pgs. 195‑213.


Retirado e traduzido do blog em espanhol sobre Maçonaria Cristã publicado em fevereiro de 2015.


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